A intervenção federal no Rio de Janeiro já começa a produzir seus primeiros jabutis. A bancada da bala vai propor ao plenário da Câmara aprovar medidas menos rígidas para o porte de arma, por entender que todo cidadão, com seus plenos direitos e sem pendências com a Justiça, deve ter o direito de possuir uma arma em casa. Na verdade, isso já é permitido desde o plebiscito de 2005, quando 63% dos brasileiros aprovaram o comércio de armas. Mas a votação naquele 23 de outubro estabeleceu, também, que a posse só seria permitida após uma ampla conversa do interessado com a Polícia Federal, a quem cabe esse controle. E mais, teria que explicar os motivos de ter uma arma em casa.
Os deputados entendem que essa explicação não precisa ser dada, por ser uma posição eminentemente subjetiva. Para eles, todos devem ter o direito de se defender, o que é bem diferente de andar armado pelas ruas. A matéria não tem data para entrar na pauta, mas, pelo andar da carruagem, não deve demorar, pois deve se somar a algumas outras propostas que virão a bordo da intervenção.
A despeito da autorização das ruas, há grande preocupação com o porte e a posse de armas, sobretudo num momento em que a violência tem aumentado pelo país afora. Um cidadão de bem armado não é páreo para o bandido. Este, quando vai para alguma “parada”, está para matar ou para morrer, sem se preocupar com as consequências. O homem de bem, não. Por isso, corre o risco de ser a primeira vítima de um eventual confronto.
Nos Estados Unidos, após mais um massacre, dessa vez com o autor preso em vez de morto pela polícia ou de ter se suicidado, milhares de jovens foram às ruas para pedir maior controle das armas. Mas lá a permissão está na Constituição, que não passa por mudanças a todo tempo como a Carta Magna Brasileira. O lobby da indústria e da Associação Nacional do Rifle é forte, mas já se preveem mudanças. Aqui, os lobistas estão no Congresso e não avaliam as consequências da flexibilização.