Prevaleceu o bom senso na decisão da Prefeitura e da Polícia Militar em vetar o jogo entre Flamengo e Vasco no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Trata-se, é fato, de um clássico, algo que o torcedor juiz-forano gostaria de ver, mas o momento e a forma como a questão foi encaminhada pesaram na decisão. Há uma clara discussão pelo país afora em torno de jogos de duas torcidas, em função da violência que ocorre, especialmente, no entorno dos estádios. As organizadas – principalmente estas – se transformaram em hordas, que, em vez de torcer, agem como se fossem para um combate. E o resultado está nos números: pessoas agredidas e mortas nos sistemáticos confrontos entre tais facções. O Rio, que tem uma decisão judicial impedindo duas torcidas, transferiu o problema para Minas, sem, inclusive, esperar a resposta do Município. A divulgação do evento para a cidade, que ocupou as redes nacionais, ocorreu sem que a Prefeitura e a PM, embora consultadas, dessem o sim. Ao contrário, já na noite de segunda-feira, a decisão era pelo veto.
Juiz de Fora vive uma semana de festas, com blocos desfilando pelas ruas, tendo, no mesmo sábado, o desfile da tradicional Banda Daki, que arrasta milhares de pessoas a partir do Largo de São Roque até a área central. Imagina esse evento com outros tantos torcedores de Flamengo e Vasco, vindos do Rio de Janeiro, no mesmo dia. Seria algo incontrolável para o efetivo da PM, que não se restringe a Juiz de Fora, sendo responsável por cerca de 90 cidades no entorno, que também fazem os seus desfiles. A cidade viveria um dia caótico, deixando inseguros os foliões e a própria população.
A cidade já abrigou clássicos sem que houvesse problemas. Flamengo e Botafogo se enfrentaram no ano passado no Estádio Municipal, em jogo também válido pelo Campeonato Carioca. Foi uma partida de casa cheia e sem incidentes, mas houve, antes, longas discussões sobre a segurança, a fim de garantir a tranquilidade do torcedor. Além disso, não houve a coincidência com o carnaval. Fosse em outro momento, não haveria inconveniente para um jogo de tal porte, por haver tempo para montagem de uma logística adequada. Os dirigentes e empresários precisam entender que não dá para exigir dos municípios alterações tão drásticas, mesmo ante tamanho interesse em tão pouco tempo. O açodamento é matriz de problemas.