Um ônibus urbano ficou parado na rotatória da Rua São Mateus com a Rua Doutor Romualdo, no Centro da cidade, durante cerca de uma hora, nessa quinta-feira, por causa da fiação elétrica que ficou agarrada no coletivo. Passageiros tiveram que descer do veículo e seguir o restante do percurso a pé. A fiação pertencia a operadoras de internet e telefonia, não tendo sida afetada a de energia elétrica, que fica no ponto mais elevado do posteamento.
A ocorrência de ontem é emblemática por apontar um problema que a Tribuna acompanha há algum tempo e que foi destacado no último domingo, quando vários pontos da cidade foram mostrados com emaranhados de fios nos postes e alguns deles jogados ao solo, levando risco à população. Em princípio, a maioria não era energizada, mas havia, de acordo com técnicos, riscos por estarem em contato com a rede de energia elétrica.
A questão em tal caso não é apenas a ocupação, mas como ela procede e suas consequências até mesmo na estética urbana. Em alguns postes, o número de fios impressiona, o que leva o debate para o limite de usuários. É fato que o avanço das redes de comunicação implica novos cabos, especialmente digitais, mas haverá um momento, se nada for feito, que não haverá, sequer, espaço para a sua implantação.
A Avenida Rio Branco, quando passou por sua principal reformulação, no final dos anos 1970 e no início dos anos 1980 – especialmente na gestão Mello Reis -, foi beneficiada com a implantação de todo o cabeamento no modelo subterrâneo. Além da estética, os benefícios foram múltiplos até mesmo para as empresas, já que a manutenção não passa pela “macarronada” de fios vistas nos postes. A qualquer incidente, como o desta quinta-feira, há risco de o próprio posteamento vir abaixo, só ficando sustentado pelos próprios fios em vez de depender de sua base.
As metrópoles brasileiras, especialmente as que tiveram um crescimento sem qualquer planejamento, vivem uma série de contratempos em sua rotina. No decorrer do tempo, foram poucos os administradores que voltaram suas atenções para o futuro, na tomada de providências que teriam resultados de longo prazo. E não se trata apenas de uma questão como a que justifica este editorial, mas tantas outras, especialmente em torno da mobilidade, que ora é motivo de debates para se encontrar saídas razoáveis para problemas que, se houvesse preocupação, poderiam ter sido resolvidos quando ainda era possível.
Em Juiz de Fora, por exemplo, quando se discutiu uma via que ligasse a Cidade Alta à Avenida Rui Barbosa, nas proximidades do Bairro Democrata, era possível fazer o empreendimento. Como não avançou, a BR-440 tornou-se um projeto que hoje liga o nada a lugar algum, sendo um transtorno para a própria população. A saída será um projeto alternativo, mas sem qualquer conexão com a concepção inicial, pois, com o passar do tempo, a sua chegada na parte baixa tornou-se inviável pela ocupação urbana.