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Até março

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Todos os anos, especialmente a partir de outubro, a Defesa Civil inicia a emissão de alerta em decorrência do ciclo das águas, já em curso, até março, quando elas fecham o verão. No seu último boletim, a advertência principal envolvia o risco de deslizamento de encostas. Em Juiz de Fora, uma chuva fina começou na terça-feira, por volta de 20h, e não parou mais. Com o solo encharcado, as encostas são o ponto mais perigoso a ser monitorado não apenas pelos técnicos, mas também pelos moradores do entorno, que devem avisar sobre qualquer alteração.
Em meio a um vale, Juiz de Fora tem boa parte de suas encostas protegidas por ações do Poder Público, como foi o caso do Bairro Santa Tereza, hoje totalmente seguro depois de um período crítico de instabilidade, mas ainda há regiões que carecem de atendimento, cujas obras de contenção dependem do repasse de recursos.

Um dos problemas passa necessariamente por locações irregulares, sobretudo nas regiões periféricas, muitas delas sem seguir condições mínimas de segurança. Neste período, carecem de atenção prioritária. Os moradores, a despeito de não terem passado pelos canais regulares para construção de suas moradias, precisam ser sistematicamente informados dos riscos.

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O país tem históricos de tragédias por deslizamento, como a da Região Serrana do Rio de Janeiro, há dez anos. Durante os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, ela foi gravemente atingida por intensa precipitação pluviométrica, provocando inúmeros deslizamentos de terra e inundações repentinas, que causaram a morte de mais de mil pessoas, deixando centenas de desaparecidos, destruindo pontes, estradas, construções rurais, plantações e moradias, desabrigando e desalojando mais de 29.000 habitantes nas zonas urbanas e rurais das cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Uma década depois ainda há cicatrizes, e nem todas as regiões foram atendidas a contento pelo Poder Público.

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Juiz de Fora já registrou vários deslizamentos com mortes, mas as contenções mudaram o cenário, embora não se possa, ainda, descuidar, sobretudo com as inundações. Como já foi demasiadamente discutido neste espaço, boa parte dos afluentes do Rio Paraibuna tem o seu leito assoreado e, por estarem cobertos, há dificuldade adicional para execução de serviços de limpeza. O próprio Paraibuna tem pontos críticos, especialmente na Zona Norte, onde frequentemente salta do seu leito ou provoca refluxo nos bairros abaixo do nível de seu curso.

Como as chuvas são sazonais, as ações públicas devem ser intensificadas, da mesma forma que o cuidado da própria população. O descarte irregular de lixo nos cursos d’água ou nos bueiros é indutor de alagamentos que poderiam, em diversas situações, ser evitados se houvesse consciência coletiva.

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