Oficialmente, a campanha eleitoral só pode chegar às ruas a partir do dia 6 de agosto, quando os partidos já terão realizado suas convenções, mas a bola já está rolando há algum tempo com os políticos dando trato a acordos em suas bases e com outros buscando aliados de olho no tempo de TV. É o caso do candidato tucano Geraldo Alckmin, prestes a oficializar um acordo com o Centrão, que reúne os partidos DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Com isso, ele chega a quatro minutos e 30 segundos, do total de 12 minutos e 30 segundos da propaganda eleitoral de rádio e TV. Pelas primeiras contas, nenhum outro candidato supera um minuto e meio de propaganda. Como esta é alma do negócio, o ex-governador paulista tentará reverter o seu baixo desempenho nas primeiras pesquisas, nas quais está bem atrás de Lula, Jair Bolsonaro e Marina Silva.
Acordos políticos estão dentro das regras, mas o que preocupa são as condições para esse entendimento. Ninguém fala os termos, mas há claros indícios de troca de “favores” como cargos no Governo e até causas como outra forma de financiamento dos sindicatos que ficaram sem o imposto sindical com a reforma trabalhista. Essa sugestão teria sido feita pelo deputado Paulinho da Força, que fala por um expressivo número de sindicatos de trabalhadores.
Como a conta só virá depois, fica claro, já agora, que nem tudo será diferente a partir de 2019. Os políticos continuam trabalhando suas alianças em torno de cargos e outro tipo de vantagens sem se importarem com a identificação ideológica ou programática, o que tem sido próprio dos últimos anos com o presidencialismo de coalizão. Ele não deu certo; ao contrário, incentivou o balcão, mas os partidos ainda não encontraram — e nem parecem querer – outra alternativa. A reforma que poderia ter mudado as regras foi mais eleitoral do que política, o que deixa tudo como antes num momento em que a sociedade prega mudanças profundas no modelo de gestão dos entes públicos.