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Necessária discussão

editorial
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Pouco mais de dois meses da chacina de Blumenau, na qual quatro crianças foram mortas a machadadas dentro de uma escola, o país volta a registar nova tragédia num estabelecimento escolar. A morte dos estudantes Luan Augusto, de 16 anos, e de sua namorada Karoline Verri Alves, de 17 anos, alunos do Colégio Estadual Helena Kolody, na cidade de Cambé, norte do Paraná, revela que, a despeito de tudo o que foi dito para proteção dos alunos, ainda há muito a ser feito.

Não se sabe como é a segurança na escola paranaense, mas, pelo modus operandi do atirador, ficou claro não haver qualquer tipo de triagem para ingresso no estabelecimento. Sob o argumento de tirar uma cópia do seu histórico escolar – era ex-aluno -, ele entrou armado, ingressou no pátio e disparou 12 tiros a esmo. Sequer conhecia seus alvos. As vítimas eram atuantes na igreja e participavam do grupo de Jovens Illumi. As imagens que ficaram foram de pais, famílias e amigos devastados.

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As primeiras investigações revelaram que o autor, de 21 anos, coletou informações sobre a tragédia de Blumenau. Dois outros jovens chegaram a ser presos, sob suspeita de terem colaborado no crime, mas um deles, por falta de provas, acabou sendo liberado. O passo seguinte é saber como ele teve acesso à arma.

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Quando da primeira tragédia, o país iniciou uma intensa discussão sobre a segurança nas escolas e o que seria preciso fazer para impedir que cenas como aquelas não se repetissem mais. Num dia de tensão, ante a iminência de vários atentados, os organismos de segurança e lideranças políticas foram a campo para pedir aos estudantes que não cedessem ao medo e fossem às aulas. De fato, nada aconteceu, mas o episódio de segunda-feira é um sinal de alerta para a necessidade de a discussão ser retomada.

A implementação de projetos pedagógicos, a começar pelas escolas, tornou-se uma necessidade, por não se saber quantos outros jovens estão imbuídos do mesmo propósito. Nos Estados Unidos, país em que o acesso às armas é flexível, não raro ocorrem atentados com expressivo número de vítimas. Não é coincidência que no Brasil tais tragédias se replicassem após a maior facilidade para aquisição de equipamentos letais.

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O governo chegou a anunciar uma série de ações, estabelecendo maior restrição para a montagem de CACs, clubes que abrigam colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, mas a discussão deve ser mais ampla, para garantir que a venda de armas, embora não se defenda a sua proibição, seja feita sob regras rígidas, que protejam, inclusive os colecionadores e atiradores desportivos.

O trânsito de armas pelo país afora ainda é preocupante, sobretudo pelo risco de caírem em mãos erradas, aumentando ainda mais o potencial de fogo do crime organizado.

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