Convidado pelo futuro ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para ocupar a Secretaria Nacional de Segurança Pública, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, deu mostras de ser a pessoa certa no momento certo, sobretudo pela intenção de atuar apartado do jogo político que tende a se exacerbar com a proximidade das eleições. Em entrevista ao jornal “O Globo”, publicada na última sexta-feira, ele defendeu a criação de um Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nacional, “para articular atores nos âmbitos estadual e federal e tentar quebrar o fluxo de dinheiro de organizações criminosas”. Se vai conseguir, só o tempo dirá, mas a ideia é boa, sobretudo quando trata de integração da segurança.
Os muitos estudos consideram a integração a forma adequada para otimizar os recursos humanos, materiais e tecnológicos disponíveis no combate à criminalidade, especialmente a organizada. Afinal, permite uma maior troca de informações, melhor coordenação das ações e maior eficiência na prevenção e repressão dos delitos. E mais, contribui para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população, redução dos conflitos entre instituições policiais e fortalece a imagem e da confiança nas forças de segurança.
Em Pernambuco, desde 2007 funciona o “Pacto pela Vida” – programa de gestão integrada da segurança pública envolvendo as policiais militar, civil e científica, além de organismos municipais e estaduais. O programa conseguiu reduzir em mais de 60% a taxa de homicídios no estado entre 2007 e 2018.
O secretário, que tem um trabalho de sucesso em São Paulo, destacou ainda a sua preocupação com a inteligência, defendendo um sistema consistente de informação. E há sentido, pois a inteligência na segurança pública é a atividade que produz conhecimentos estratégicos, táticos e operacionais para subsidiar as ações de prevenção, repressão e investigação dos crimes. E mais, é fonte para elaboração de políticas públicas a serem implementadas pelas instâncias de poder.
Sarrubbo também defendeu a tese do “follow the money” – siga o dinheiro -, adotada pelo FBI na guerra contra as máfias, em razão de as organizações criminosas agirem como empresas, na busca de lucro. “Esse lucro precisa ser em algum momento lavado. Então, é aí que está o grande foco. Se a gente conseguir achar o dinheiro, você desestrutura essas organizações”, enfatizou.
As intenções do futuro secretário precisam ser respaldadas pelo ministro e pelo Governo, pois só assim será possível levar adiante as necessárias metas por ele apresentadas. Os números de hoje pelo país afora são preocupantes, uma vez que há uma clara propagação dos grupos organizados que até bem pouco tempo tinham base apenas no Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje, não. Há quadrilhas organizadas em regiões diversas do país que atuam conectadas com as facções tradicionais.