A semana começa sob o signo da preocupação. O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula, na quarta-feira, na 4ª Região da Justiça Federal, em Porto Alegre, mobiliza corações e mentes. Uns, ávidos em saber o que virá pela frente; outros, interessados em estabelecer um clima de confronto cujos interesses são difusos. O ex-presidente ainda não sabe se irá ao Sul para acompanhar de perto o seu julgamento, embora não seja necessário, mas tem deixado claro que não irá jogar a toalha seja qual for o resultado. E é aí que entra a questão: se condenado por três a zero, o ex-presidente ficará inelegível; será preso? Essa possibilidade já foi descartada pelos próprios ministros, embora alguns setores façam dessa possibilidade uma peça para seus discursos. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, num desserviço ao país, disse que há a possibilidade até de morrer gente. Recuou, mas o mal já estava feito.
A polarização que se estabeleceu no país tem mantido um fosso entre os diversos segmentos políticos, gerando um clima de incertezas. O Barão de Itararé, numa de suas máximas, acentuava que “de onde menos se espera é que não vem nada mesmo”. O julgamento do ex-presidente pode culminar até mesmo em nada, ao contrário dos vaticínios que têm sido feitos por setores interessados no caos. Independentemente do resultado, há espaço para recursos, indicando que a novela ainda terá novos capítulos.
Como pano de fundo está a sucessão presidencial. Os seguidores de Lula sabem que o pleito, com ele na cabeça de chapa, é um; sem ele, cria-se um cenário de incertezas, sobretudo pela estratégia de não se investir em outro projeto, colocando todas as fichas no ex-presidente.
O momento deve ser de serenidade, pois não é de hoje que o país assiste a julgamentos de personalidades, embora Lula esteja num patamar acima. Mesmo assim, não é diferente. Respeitado o amplo direito de defesa, como qualquer outro personagem, ele é mais um a se submeter aos ditames da lei.