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Ações e inações humanas

editorial
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A Polícia Federal tem pelo menos 85 inquéritos abertos em todo o país para apurar responsabilidades nos milhares de incêndios que assolam o Brasil. O número de presos é expressivo, mas ainda dá margem para discussão sobre essa cifra, pois está bem aquém das expectativas, sobretudo quando se constata que boa parte dos focos é fruto da ação humana. Em alguns casos por acidente, mas outros ocorreram de forma deliberada.

A repórter Sandra Zanella foi às ruas, apurou ações do Corpo de Bombeiros, especialmente, e revela, nesta sexta-feira, o que pensam esses profissionais e o que é possível fazer para evitar a propagação das chamas. Há consenso quando se constata que os quadros de bombeiros e brigadistas estão abaixo da necessidade, sobretudo quando se constata que os episódios são repetições de ocorrências do ano passado e projeções do que possa acontecer em 2025.

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Aumentar o efetivo e atualizar seus equipamentos é vital para a segurança coletiva. O trabalho desses profissionais é exemplar, mas eles também precisam de segurança. Quando se trata de incêndios no formato dos atuais, as condições de combate são críticas nas encostas e regiões de mata densa.

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A responsabilização dos eventuais culpados tornou-se necessária até mesmo pelo lado pedagógico. Muitos desses suspeitos não sabem, sequer, das consequências do gesto, seguindo o mimetismo das ruas. Se um fez e deu certo, outro se sente à vontade para fazê-lo. A punição é, pois, um dano ao autor e um antídoto para novos pirotécnicos.

Em conta, também, a questão climática. Se há, é fato, incêndios resultantes da ação humana, outros têm como base o cenário de seca que se espalhou pelo país. A falta de chuvas mudou paisagens e criou condições adequadas para os incêndios, mesmo aqueles por descuido, como o descarte de uma bituca de cigarro ou de uma lata.

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A instabilidade climática é um fato real pelo mundo afora. Portugal repete o cenário de anos atrás quando os incêndios florestais mataram dezenas de pessoas. Desta vez, os números se aproximam de duas dezenas a despeito do empenho dos bombeiros de lá, que ganharam o socorro dos vizinhos espanhóis. A situação só não se agravou em razão das chuvas que caíram nos últimos dias.

No Brasil espera-se que as chuvas cumpram o mesmo papel, mas a má notícia advinda dos institutos de meteorologia é de que o ciclo das águas vai atrasar, só começando na segunda metade de outubro.

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E aí, dentro do roteiro anual, começa um novo processo de preocupação: os temporais, que devem ser mais intensos em razão da instabilidade do clima. Saem os incêndios e começam as inundações.

O grave desse enredo é que as duas situações são previsíveis. A despeito disso, as tragédias continuam acontecendo. O mundo marcado pelo avanço tecnológico, agora com o incremento da inteligência artificial, ainda não se rendeu a princípios básicos de que é preciso prevenir. E quando a informação é um dado real, não há sentido algum em se surpreender com as ações da natureza. Avisos não faltam.

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