A campanha eleitoral entra na fase intermediária sob o signo da polarização. Mas, ao contrário dos últimos pleitos, o enfrentamento não se dá diretamente entre o Partido dos Trabalhadores e o PSDB. De acordo com as pesquisas, se o pleito fosse hoje, o segundo turno estaria dividido entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O tucano Geraldo Alckmin patina na casa de um dígito e não dá sinais de recuperação, mas ainda tenta respirar sem aparelhos ao defender o voto útil.
É bem possível que o eleitor opte por essa estratégia, mas, pelo perfil dos dois ponteiros, o que se vê, agora, é um embate entre o petismo e o antipetismo. Os próximos dias serão emblemáticos para a campanha, uma vez que os demais candidatos terão que escolher entre o discurso da desconstrução ou da proposição, sob a crença de virar o jogo. A primeira hipótese já dá os primeiros sinais com o endurecimento dos pronunciamentos contra Bolsonaro e Haddad.
A questão a ser colocada nos próximos dias é como vão se portar os eleitores ora fechados com os políticos de centro. Irão optar pelo projeto de Bolsonaro, que significa uma desrupção com o atual cenário político, ou apostarão em Haddad, que repõe o PT no poder sob uma roupagem mais moderada? E os tucanos, caso Alckmin não decole, irão optar por Bolsonaro, a quem condenam, ou Haddad, que representa o eterno adversário? Voltar o olhar para a rejeição é a forma mais adequada para se verificarem tendências. Os líderes estão na ponta não apenas na preferência do eleitor, mas também na rejeição, o que mantém, portanto, o jogo aberto. Ademais, ainda é expressivo o número de indefinidos, indicando que ainda há terreno para se garimparem votos.
O pleito de 2018 tem um viés atípico. É liderado por um candidato que ora comanda sua campanha do leito de um hospital e tem em segundo um candidato que recebe orientações diretas de seu líder ora preso em Curitiba. As ruas, pelas evidências, não levam esses dois fatores em conta. E, se levam, o fazem pela ótica da vitimização, que costuma dar resultados.