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Editorial 20/9

Cena roubada

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Presidente tenta se cacifar junto à comunidade internacional, mas faz apenas relato e sofre com o presidente americano, que assumiu o protagonismo na ONU

Não fosse o inesperado discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçando destruir totalmente a Coreia do Norte, caso o regime de Kim Jong-un não adote medidas para acabar com seu arsenal nuclear e não pare de fazer ameaças aos seus vizinhos, a apresentação do brasileiro Michel Temer na tribuna da ONU, nessa terça-feira, teria melhor repercussão. Falou para os políticos e para o mercado. Aos primeiros, relatou o compromisso do país com a democracia e as medidas que o Mercosul tomou contra a intransigência de Nicolás Maduro, na Venezuela; ao mercado, destacou as reformas que estão sendo implementadas em seu governo e sobre a retomada do aquecimento da economia.
A fala passou também pela preocupação com o meio ambiente, embora enfrente a polêmica da Amazônia. Mesmo assim, destacou que o Brasil tem preocupação permanente com o cinturão verde e com seus nativos, mas não destacou as medidas efetivas que tem tomado.

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O presidente brasileiro, como seus parceiros da América do Sul, foi instado por Donald Trump a tomar providências contra o presidente da Venezuela. Trump diz que Maduro acabou com o país. Temer, na tribuna, acentuou que não há espaço para soluções que não passem pela via democrática.
Discursos da ONU são mais uma formalidade, pois o que prevalece são as conversas bilaterais que ocorrem nos bastidores. Até mesmo a ameaça do líder americano, embora tenha causado preocupação na Assembleia e sussurros pelos corredores, foi mais para a plateia do que, de fato, uma decisão a ser consumada.

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Trump costuma usar um vocabulário próprio, no qual não distingue os danos, sendo, posteriormente, obrigado a se desculpar ou recuar.
Já o dirigente brasileiro aproveitou a ocasião para falar ao mundo o que não tem conseguido reverberar no espaço interno, por conta das denúncias que marcam sua administração, algumas delas na conta do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que podem até ser revistas pelo STF, onde há disposição de retornar o pacote para a própria procuradoria para as “devidas correções”.

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