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Fiscal da Lei

editorial
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Como era esperado, a posse do procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi também um momento único para o presidente Lula desabafar dos acontecimentos da Lava Jato que o levaram ao cárcere. Ele pediu ao novo procurador que não ceda às pressões da imprensa e dos demais poderes da República. Não lhe pedirá favores, nem fará pressão, cobrando apenas que persiga a verdade dos fatos. “A única coisa que eu peço a você, em nome do que você representará daqui pra frente na história do país, é que você só tenha uma preocupação: fazer com que a verdade, e somente a verdade, prevaleça acima de quaisquer outros interesses. Trabalhe com aquilo que o povo espera do Ministério Público. As acusações levianas não fortalecem a democracia, não fortalecem as instituições”, destacou o presidente.

Gonet, por seu turno, enfatizou que continuará com o perfil técnico e conciliatório em suas ações. “A harmonia entre os Poderes é pressuposto para o funcionamento resoluto do Estado Democrático de Direito. A isso o Ministério Público deve reter-se. Não buscamos palco nem holofote. Temos um passado a resgatar, um presente a nos dedicar, e um futuro a preparar.”

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Ao fim e ao cabo, ambos falaram para o mesmo alvo. Lula ao pedir a despolitização da procuradoria e Gonet ao se antecipar distante dos holofotes, o que tem sido incomum nos últimos anos. Já houve procuradores considerados “engavetadores” e outros que ficaram sempre sob os holofotes, agindo politicamente numa instância em que a serenidade e exatidão são fundamentais.
É cedo para qualquer avaliação, mas Gonet assume num momento em que a corda continua esticada e às vésperas de um ano eleitoral. É fato tratar-se de um pleito municipal, para o qual são eleitos apenas representantes para as câmaras municipais e prefeituras, mas o discurso dos líderes nacionais, especialmente o presidente Lula e seu antecessor, Jair Bolsonaro, aponta para um ensaio para o jogo de 2026.

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As demandas municipais, que normalmente são a regra de embates municipais, se não substituídas, dividirão os discursos com o enfrentamento nacional. Os primeiros ensaios apontam para esse modelo que, de certa forma, será ruim para o eleitor, já que tanto para a Câmara quanto para a Prefeitura, o projeto inicial é eleger personagens engajadas com as demandas diárias do município.
Sua posse é o início de um novo ciclo na procuradoria, que nos tempos de Augusto Aras se viu envolvida em várias polêmicas políticas. O Ministério Público é um fiscal da lei e um agente de Estado, o que faz dele um fator de equilíbrio em defesa da causa pública. Se simplesmente caminhar nessa trilha, ele já terá cumprido o seu papel.

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