A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou projeto de lei estabelecendo duras restrições ao celular nas escolas públicas e privadas de educação básica. O aparelho não pode sequer ser utilizado durante o intervalo das aulas, como é comum em algumas unidades nas quais já estão implantadas medidas restritivas. Enquanto não há uma legislação federal que alcance todo o país, cada estado atua ao seu modo, o que pode levar à implantação de legislações distintas.
O uso do celular, hoje incorporado à rotina de pessoas de todas as faixas etárias – muitas delas precocemente -, tornou-se tema de debate em razão de o uso excessivo ser matriz para problemas mentais de consequências extremas.
Nas redes sociais, não há espaço para fracassos, e esse universo é repassado diariamente para os usuários, que nem sempre têm meios para uma taxa de sucesso tal elevada, já que a vida real tem uma série de percalços. As consequências estão nos números: os índices de depressão aumentaram substancialmente, assim como as taxas de suicídio, especialmente entre jovens e adolescentes.
A restrição que se faz necessária não é uma tarefa fácil, uma vez que, quando se trata de criança, a decisão é mais dos pais e dos responsáveis, que devem ser o foco das muitas campanhas em curso. Quando o celular e os demais equipamentos digitais tornaram-se acessíveis, considerou-se serem eles aliados até pedagógicos de crianças e adolescentes. O tempo, porém, mudou essa leitura, a partir dos danos que hoje são recorrentes.
Celular e outros equipamentos de tela não são a melhor forma de garantir que crianças se concentrem. O velho modelo de brincar, sujar a roupa, jogar bola e outras atividades continua sendo mais eficaz mesmo diante da redução dos espaços para o lazer.
A Tribuna, na edição de domingo, trouxe matéria da repórter Mariana Floriano na qual ela destaca como as telas podem afastar o contato com a natureza.
Educar os adultos é fundamental, pois eles também vivem a mesma situação. Há uma clara dependência do celular a ponto de se tornar um vício. Os grupos de WhatsApp substituíram os encontros pessoais. As conversas virtuais ocorrem até mesmo quando estão todos no mesmo espaço. Basta acompanhar o comportamento de grupos, nos quais a conversa foi substituída por postagens. Famílias inteiras não abrem mão do celular nem mesmo à mesa de refeições. Dentro e fora de casa.
A jornalista Sabrina Passos e a médica pediatra Caroline Santin Dal Ri, ambas do Rio Grande do Sul, idealizaram o projeto Conectados & Protegidos, que surgiu diante da preocupação com a crescente influência das telas na vida das crianças. Mães de crianças de 5 anos de idade perceberam que a exposição excessiva às telas pode ter consequências negativas para o desenvolvimento infantil. As duas são as entrevistadas do Podcast da Rádio Transamérica Juiz de Fora (FM 91,3), que vai ao ar na próxima sexta-feira, a partir das 8h20.
Elas traçaram oito estratégias para proteger as crianças do uso das telas, ações que se assemelham a outros projetos desenvolvidos em Juiz de Fora e contemplados na matéria.
O adulto educado é o primeiro passo, pois, quando se trata de crianças, o uso das telas substituiu a babá ou os próprios pais. Esse equívoco tem um elevado preço, mas ainda há tempo para mudar desde que todos estejam dispostos a modificar seus hábitos.