A tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos na região de Mariana, que tirou do mapa o distrito de Bento Rodrigues, além de ser um acidente anunciado, serve de denúncia e alerta para o que vem depois. Os próprios técnicos da Samarco admitem risco em mais duas barragens, embora a empresa esteja, segundo eles, fazendo ações emergenciais necessárias para reduzir os riscos. As consequências são inimagináveis, mas antecipam que a tragédia pode não ter terminado nesse episódio.
A lama, de acordo como Ibama, deve chegar ao mar na sexta-feira, mas o lastro de destruição que deixa o Rio Doce sem vida é o retrato dos riscos que ainda estão em curso. As multas, mesmo que passem da casa do bilhão, ainda são insuficientes para recuperar o passivo que o acidente provocou. A presidente Dilma diz que o Rio Doce será revitalizado para melhor, mas não anunciou como nem quando, preferindo um discurso otimista num momento em que se esperam decisões mais claras sobre o processo de mineração.
O acidente de Mariana pode ser replicado em outras regiões se nada for feito para garantir, de fato, a segurança das barragens. O país, sobretudo o Nordeste, tem milhares delas, muitas sem informações detalhadas de suas condições. O dia seguinte desse cenário não é para ser esquecido, nem pelos governos, nem pela empresa e muito menos pela população. Ele deve servir de alerta para que tais episódios não se repitam.