O novo secretário de Segurança do Rio de Janeiro, delegado Roberto Sá, ao tomar posse na cadeira deixada por José Mariano Beltrame, revelou a intenção de criar uma estrutura nos moldes da extinta Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos, para combater o contrabando de armas de guerra no estado, que vem aumentando gradativamente. Ele assume num momento crucial da segurança pública do estado vizinho, agora sem a proteção dos equipamentos que fizeram dos Jogos Olímpicos uma competição sem incidentes, mesmo com a presença de turistas de todas as partes do mundo.
Respeitadas as devidas proporções, o tema é também prioritário em outros estados e nas cidades de médio e grande porte especialmente. No caso de Juiz de Fora, estudos sérios indicam que a violência aumentou expressivamente a partir de um derrame de armas que deveriam ter sido destruídas, mas que acabaram sendo furtadas de uma unidade do Exército. Até hoje não há números exatos, mas as especulações apontam para milhares de equipamentos, hoje espalhados em vários pontos da cidade.
Esta é uma das justificativas para o crescimento dos crimes com uso de armas de fogo na cidade, que nunca foi tão alto como nos últimos anos. O noticiário policial tem sido pródigo em apontar o uso em assaltos de toda sorte e porte por infratores de todas as idades. Os crimes contra a vida começaram a vencer a casa dos cem, coincidentemente, a partir de tal evasão, pois reforçou o confronto de gangues no Centro e nos bairros.
Por isso, a iniciativa do secretário deveria ser política prioritária nas demais unidades da federação, pois, enquanto não houver um projeto de desarmamento mais intenso, haverá sempre espaço para a violência crescer. Não são especulações, são evidências, como no caso local, que apontam para essa preocupante realidade. Em função disso, o debate sobre segurança pública não pode se esgotar nos palanques de campanha, devendo ser agenda permanente dos meios políticos, já que todos perdem – dos mais ricos aos mais pobres – quando as armas ditam o comportamento.