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Agenda global

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A saída das tropas americanas do Afeganistão, com a consequente retomada do poder pelo Talibã, dá margem para a retomada de uma discussão que perpassa os limites das fronteiras nacionais: o papel das mulheres na pós-modernidade. No Brasil há avanços, mas carece de uma agenda que ainda precisa ir além das atuais conquistas diante de um passivo histórico que não está resolvido. Maioria da população, as mulheres ainda são sub-representadas nas casas legislativas em todos os níveis. De novo, há avanços. Pela primeira vez, por exemplo, a Câmara Municipal de Juiz de Fora tem quatro representantes do sexo feminino, rompendo um dado histórico que chegou ao máximo com três vereadoras. Poderia haver mais se as próprias instâncias políticas levassem adiante projetos de cotas de 30% das cadeiras – e não das chapas -, o que mudaria a geografia de câmaras, assembleias e Congresso Nacional.

Na semana em que se comemoram os 15 anos da Lei Maria da Penha – um avanço -, há provas materiais da continuidade da violência contra a mulher. O número de ocorrências tipificadas como feminicídio é preocupante. A Justiça, por meio de investigações policiais, tem punido os infratores, mas a punição é apenas um dado quando há a necessidade de conscientização coletiva. Os autores de crimes de tal natureza agem como se fossem donos, como ora é visto no conflito em meio a Ásia e o Oriente Médio. Há uma preocupação global com o destino de mulheres e meninas, embora o Talibã tenha dito que irá permitir a educação, desde que feita dentro dos princípios religiosos que o move. A educação, no entanto, não deve ser vista como uma concessão, e sim como um direito.

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O mercado de trabalho também tem contornos claros de desigualdade, sobretudo quando se trata de questões salariais. Em mesmas funções, com competência e responsabilidades idênticas, as mulheres, na maioria das vezes, continuam com salários menores sem que haja uma indignação coletiva contra tal disparidade. Há um silêncio, sobretudo do público masculino quando o protesto deveria ser de todos.

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O mundo das redes digitais continua produzindo diferenças abissais que se reverberam no dia a dia. E não apenas no Brasil. Até mesmo em sociedades ditas de primeiro mundo elas ocorrem, e as oportunidades, muitas vezes, passam pelo gênero, quando a competência deveria ser a única referência.

A justificada preocupação global com o rumo de mulheres e crianças afegãs deve servir também para os demais países. A despeito da imensa diferença de tratamento, é fundamental que as nações que, justificadamente, ora se indignam, também olhem para o próprio umbigo e vejam o que ocorre seu espaço.

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