O Minas Láctea, evento que começou ontem em Juiz de Fora, é uma das principais referências da região não apenas na produção de derivados de leite, mas também na produção científica, uma que vez que os produtos são fruto da excelência do Instituto e de outras instituições instaladas na região que atuam no mesmo segmento. A Emprapa, uma das principais empresas técnicas do Governo, tem na cidade a sua unidade de Gado de Leite. A produção científica da Universidade Federal de Juiz de Fora é outra referência científica que sinaliza para novos tempos.
Não é de hoje que se articula a procura de novas vocações para o município e para a região. Na sua recente passagem por Juiz de Fora, o vice-governador de Minas, professor Mateus Simões, tocou exatamente nesta tecla, observando que não há explicação plausível para a mudança tão drástica no perfil econômico de uma região, que já foi a mais pujante de Minas, para a penúltima em investimentos, só ficando à frente do Vale do Jequitinhonha.
Nos vários simpósios e seminários realizados em Juiz de Fora, o ponto em comum segue a avaliação do vice-governador, o que é bom sinal, por estar próximo de um diagnóstico consensual, e angustiante por observar o quanto ainda tem para ser feito para reverter tal situação.
É fato que houve avanços, mas de nada adiantará se apenas a cidade polo, no caso Juiz de Fora, fazer o dever de casa se o entorno ainda carece de projeto e recursos para sua recuperação. As regiões mais ricas de Minas têm um entorno em pleno crescimento, como é o caso do Triângulo Mineiro, onde Uberlândia avança em todos os indicadores, mas puxa municípios como Uberaba, Araxá e tantos outros da mesma região. Ocorre o mesmo com a capital. Belo Horizonte é dotada de poucas indústrias, mas a Região Metropolitana é um dos mais ativos polos industriais do país.
O Minas Láctea aponta para o segmento da pesquisa, hoje um dos principais indutores do desenvolvimento. Por vários anos discutiu-se a implementação de um Polo Tecnológico, que chegou a alocar perto de R$ 50 milhões que acabaram minguando na burocracia de Brasília, mas a recém retomada do projeto, embora em proporções menores, é um grande avanço, sobretudo para reter talentos que hoje – ante a falta de oportunidade – migram para outras regiões.
Ademais, o polo tecnológico atrais indústrias bastando envolver as instâncias públicas e privadas. Nesse aspecto, a instância política também se faz necessária, a fim de desvendar os segredos de Brasília e de Belo Horizonte na prospecção de negócios. O setor privado, por meio de fortes instituições como Fiemg, Fecomércio e CDL estadual também precisa atuar fortemente. Unidos, podem mudar a realidade e alcançar as metas traçadas nos muitos eventos econômicos na cidade.