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Saúde mental dos jovens precisa de atenção

editorial
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As consequências da Covid-19, que no Brasil matou mais de 700 mil pessoas, continuam sendo um dado real, sobretudo pela extensão dos danos. Relatório do “Global Mind Project”, publicado pela “Agência Einstein”, revela que a saúde mental dos brasileiros é uma das piores do mundo, ao lado da África do Sul e do Reino Unido. O documento foi elaborado a partir de enquetes com 420 mil pessoas, em 71 países e em 13 idiomas, e usou um quociente de saúde mental que avalia capacidades cognitivas e emocionais, levando em conta também habilidade de lidar com o estresse e de funcionar de forma produtiva. Os pesquisadores advertem que o índice não é sinônimo de felicidade ou satisfação.

A Covid é considerada a principal matriz não apenas pela ação direta do vírus, mas por suas consequências. No auge da pandemia, os governos adotaram ações extremas, como a decretação de fechamento geral, impondo o isolamento social. O trabalho passou a ser feito em home office, e até mesmo o ensino foi implementado pela via digital.

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Os autores da pesquisa destacam que o isolamento prolongado teve influência especial na saúde mental dos jovens, que se viram apartados em suas relações, tendo o celular como ferramenta de escape e de conexão. E aí surgiu outro problema. O excessivo número dos equipamentos ampliou ainda mais o isolamento, que persiste, a despeito de as cidades estarem em sua rotina sem qualquer restrição. Há dados apontando que empresas que transferiram seus serviços para o home office têm encontrado dificuldade em estabelecer o caminho da volta.

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O projeto global de saúde mental detectou outros fatores, como o uso exagerado de alimentos ultraprocessados. Mais da metade dos que deles fazem uso está na categoria “angustiado” ou “se debatendo”, comparado a apenas 18% dos que raramente comem esse tipo de alimento.

Há, pois, um relatório completo envolvendo as causas. A questão central é como enfrentar o problema com eficiência. Nos Estados Unidos, uma das medidas adotadas foi o aumento do financiamento para serviços de saúde mental. O governo destinou bilhões de dólares para programas de saúde mental, incluindo a ampliação da linha direta nacional de prevenção ao suicídio.

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Em um país sem projetos bem-sucedidos como o SUS do Brasil, a telemedicina emergiu como uma alternativa, com seu uso expandindo significativamente. Dessa forma, mais pessoas tiveram acesso a consultas psicológicas e psiquiátricas de forma remota.

Os projetos têm pontos comuns que funcionam bem, independentemente da performance financeira dos governos. Deve se estabelecer iniciativas locais e comunitárias para oferecer apoio emocional e psicológico, como serviços telefônicos e grupos on-line de suporte.

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O avanço tecnológico, que isola fisicamente a população enquanto a conecta ao mundo por equipamentos, pode ser a ferramenta adequada para retomar a aproximação. No entanto, o financiamento aos serviços que atuam com a saúde mental deve ser prioridade, pois é um problema que afeta todos os estratos sociais.

A saúde mental, que antes da pandemia era vista com reservas por famílias, ora por vergonha, ora por preconceito – ambos resultados da ignorância -, é dado real e grave.

Os jovens e os idosos são as faixas com maior incidência. Ignorar tal cenário é o pior dos mundos, quando levar a sério tal demanda é uma obrigação coletiva.

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