A reunião convocada pela Câmara com a participação de representantes e de deputados estaduais foi um primeiro passo importante nas muitas discussões sobre a segurança pública em Juiz de Fora e região. Nesta primeira avaliação, alguns pontos foram consensuais, como sucateamento dos equipamentos das polícias Civil e Militar e a redução sistemática do efetivo, a despeito de a cidade e a Zona da Mata comportarem expressiva parcela da população. Juiz de Fora responde por cerca de 600 mil habitantes, mas, quando se coloca a região, esses números saltam para além de um milhão. Portanto o Governo deve responder a um grande contingente, hoje refém do cenário de medo que acomete os moradores de áreas centrais e periféricas das cidades.
A redução do efetivo, porém, não é questão desconhecida pelo Palácio, já que, por meio de vários interlocutores, inclusive os próprios parlamentares, o tema tem sido recorrentemente levado às autoridades de segurança. Tanto no período tucano quanto na gestão petista, Juiz de Fora tem sido colocada em segundo plano, com efetivo aquém de suas necessidades, porque os organismos governamentais têm uma visão distinta.
Vários anos foram consumidos para implantação de câmeras de vigilância, mas havia sempre resistências. Agora, como foi constatado, elas são estratégicas, mas o efetivo e os equipamentos precisam ser revistos. Mais do que isso, porém, são ações preventivas que não se esgotam na instância policial. É fundamental a implementação de fortes investimentos na área social, por ser o melhor antídoto ao charme que o submundo do crime joga, principalmente, sobre os jovens. Há, é fato, programas de sucesso instalados na cidade, mas é preciso mais. A segurança, assim como a saúde e a educação, deve ser vista como uma área de investimentos intensivos, isto é, permanentes.
Os deputados devem insistir também com o Governo na transferência de presos de outras regiões ora abrigados em Juiz de Fora. A cidade, como também é fato em outros municípios-polo, acolhe a população carcerária das demais cidades, nas quais as cadeias públicas, por falta de pessoal, têm sido desativadas. E o resultado é perverso sob todos os aspectos: o Ceresp, construído na gestão Itamar Franco para abrigar cerca de 400 presos, tem, hoje, mais de mil, o que o torna um paiol de pólvora com riscos para quem está dentro e, principalmente, para a população.