As imagens de barbárie no último dia 8 de janeiro, em Brasília, ainda ficarão na memória dos brasileiros por muito tempo. E, agora, novas filmagens, reveladas por emissoras de TV, evidenciam que os conflitos foram ainda mais graves do que se imaginava.
Os policiais militares do Distrito Federal que atuaram na linha de frente, com o objetivo de conter o avanço dos radicais, foram recebidos a pedradas, jatos de água, barras de ferro e outros objetos que eram encontrados pelo caminho. Dezenas ficaram feridos.
As novas filmagens que se tornaram públicas são das câmeras acopladas às fardas dos policiais militares que participaram da ação. Por meio delas, os espectadores conseguiram ter uma noção exata de que os atos estavam longe de serem democráticos, como permitido pela Constituição. Ao contrário, o desfecho poderia ter sido ainda pior, pois o risco de alguém se machucar mais gravemente, ou até morrer, era latente.
O uso de câmeras em fardas por forças de segurança é ainda polêmico. Os que defendem dizem que o dispositivo dá transparência aos atos policiais, ao mesmo tempo em que os protege. Quem critica diz que as câmeras intimidam as ações dos policiais, que, muitas vezes, precisam agir com mais rigor em situações de risco e conflito.
Um caso de sucesso é observado no Estado de São Paulo, onde já foram adquiridas mais de dez mil câmeras. De acordo com um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), o uso dos equipamentos contribuiu para evitar mais de cem mortes no estado. E a população reconhece o investimento, pois, conforme levantamento do Instituto Datafolha, realizado em novembro do ano passado, 93% dos moradores de São Paulo são a favor da tecnologia. Apenas 7% são contra.
Minas Gerais também começou a adotar a tecnologia na Polícia Militar. E atualmente são mais de mil câmeras em funcionamento em todas as regiões, inclusive na Zona da Mata. O objetivo do Governo é ampliar o uso e a aquisição das câmeras, gradativamente.
A novidade agora está em Juiz de Fora, por meio da Guarda Municipal. Conforme publicado na Tribuna na edição da última terça-feira (17), o efetivo local passará a contar com as câmeras nas fardas já a partir do dia 1º de fevereiro. No caso da cidade, os equipamentos deverão ser acionados em situações específicas, como durante abordagens, nos casos de busca pessoal ou adentramento em ambientes de risco, durante transporte de pessoas detidas ou assistidas, entre outras situações previstas em portaria.
Trata-se, portanto, de um equipamento de segurança, mas também de transparência dos atos praticados. E, a depender das experiências já observadas no Brasil, tem tudo para ser positivo e bem aceito pela população.