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Crise no sistema

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Com pouco mais de seis meses à frente do Governo, o presidente Michel Temer já conhece as amarguras do poder, que se explicitam, sobretudo, quando há impasses que fogem ao seu controle. O Plano Nacional de Segurança, apresentado aos secretários estaduais e que deveria ser assinado ontem pelos governadores, tem furos, fruto do modo como foi criado, isto é, na correria forçada pelos acontecimentos nos presídios do Nordeste. O documento previa ações, mas não explicava as consequências econômicas com a criação de novas vagas no sistema carcerário. Agora, para corrigir o erro, tem que explicar de onde virá o dinheiro.

Mas fosse só esse o problema o impacto seria menor. A questão é que, só agora, com o anúncio de emprego das Forças Armadas – mesmo sem contato com os presos -, o Governo dá dimensão de crise ao problema que se espalha pelo país afora. O massacre de Manaus, seguido pelas matanças em Roraima e Natal, foi apenas a face mais cruel de um problema que se arrasta há anos: o enfrentamento de facções pelo controle dos presídios, algo que o Estado deveria ter sob seu domínio.

Com o estilo pendular da administração, os conflitos e protestos se espalharam, inclusive em Juiz de Fora, na Penitenciária de Linhares e no Ceresp. Houve tumultos e feridos. A despeito das proibições, os internos são informados do que acontece em outras regiões e consideram que a indefinição do Governo cria um momento adequado para questionarem as condições em que estão abrigados.

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O dano colateral torna-se preocupante, pois amplia nas ruas a sensação de medo pelas consequências desses enfrentamentos. A sociedade, há tempos acuada pela violência, vê, agora, que o Estado não consegue gerenciar aqueles que foram apartados do meio comum por agirem à margem da lei. O que virá pela frente, pois, tornou-se vital, carecendo de uma resposta dura do Governo, que deve considerar a situação não como fato isolado, e sim como uma crise no sistema em todo o país.

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