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Hora de mudar

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Embora a leitura das pesquisas esteja focada basicamente em torno da performance dos candidatos, especialmente na disputa presidencial, os levantamentos dos institutos vão além desses números. Mostram também um país cujas diferenças ficam claras, sobretudo quando envolvem gênero e cor. Os colégios eleitorais em todos os estados têm prevalência de candidatos brancos, com curso superior completo e, especialmente, do ramo empresarial.

As mulheres aumentaram o número de candidatas, mas continuam bem aquém dos números que as fazem maioria da população e dos colégios eleitorais. Os negros, se somados aos pardos, também se saíram melhor do que em anos passados, mas, quando a estratificação entra em detalhes, ficam bem abaixo de sua representatividade na população.

Fica claro que ainda é preciso avançar na discussão da reforma política, a fim de garantir que os parlamentos reflitam, necessariamente, as parcelas da população. Há projetos que estabelecem, pelo menos entre as mulheres, uma cota nos legislativos, e não entre as candidaturas. Dessa forma, Congresso, assembleias e câmaras municipais deveriam fixar um número de cadeiras a serem preenchidas exclusivamente por mulheres. Esta, entendem seus defensores, é a única forma de equilibrar o jogo.

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A proposta faz sentido, mas a discussão deve se aprofundar em várias frentes a partir das próprias características das eleições de 2018. Elas estão forjadas num cenário que se assemelha a 1989, quando o país fez a sua primeira eleição direta para presidente depois de anos de regime militar e do pleito indireto que elegeu Tancredo, mas colocou José Sarney na cadeira presidencial. Como naquele ano, o pleito de 2018 tem um contingente expressivo de candidaturas e um cenário de incertezas econômicas. Desta vez, ainda há o componente da polarização, que se faz cada vez mais presente à medida que a campanha avança.

Qualquer prognóstico, agora, é inseguro, mas há certeza de que a ocupação dos postos no Legislativo precisa entrar na pauta do próprio Congresso que surgirá das urnas de outubro. O atual modelo é perverso e ainda tem o agravante do financiamento, que penaliza os que menos podem e privilegia, especialmente, os caciques políticos e os candidatos detentores de mandato.

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