Tem razão o chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, delegado-geral Eurico da Cunha Neto, ao anunciar uma série de ações em Juiz de Fora, especialmente a retomada das atividades da Delegacia Especializada em Homicídios, por ocupar-se de crimes contra a vida cujos danos são irreversíveis. Em entrevista coletiva na última sexta-feira e destacada na edição de domingo da Tribuna, ele acentua estar passando uma lupa nos crimes de homicídio. O delegado considera uma “coincidência” o retorno da Delegacia Especializada ocorrer menos de nove meses depois de sua extinção, em um momento de escalada das mortes violentas.
A despeito da especializada, as equipes de segurança precisam trabalhar integradas, sobretudo quando a origem de muitos delitos tem causas diversas. É fato que a principal matriz dos crimes consumados ou tentados contra a vida está no tráfico de drogas, mas este, por sua vez, tem uma série de implicações em outras instâncias, como o furto ou roubo, já que os usuários muitas vezes praticam esses delitos para terem acesso às drogas.
A violência urbana é um dos principais desafios da sociedade por conta não apenas de suas implicações diretas, mas também pelas questões colaterais. O sistema de saúde fica sobrecarregado em demasia, especialmente nas metrópoles, por demandas oriundas de algum delito. Os custos previdenciários são acentuados e não se avalia nenhuma redução nesses valores.
Por ser o principal município da Zona da Mata, Juiz de Fora acolhe uma expressiva demanda da região, já que o 4º Departamento tem jurisdição em outros 86 municípios, muitos deles sem qualquer estrutura para tratar de suas ocorrências.
A nova direção da Polícia Civil, como destacou o delegado Eurico Cunha, tem uma visão holística de Minas, e, por ser um estado com 853 municípios, os desafios são diretamente proporcionais. O que se espera, especialmente de um agente que é natural da cidade, mas conhecedor do cenário regional e do Estado, é o aprimoramento dos trabalhos, que passam, necessariamente, pelo aumento do efetivo e modernização de todos os equipamentos de trabalho.
De modo geral, o número de policiais que ingressam na instituição ainda é insuficiente para atender as muitas demandas, por não acompanhar a mesma proporção de aposentados ou licenciados. Trata-se de uma profissão de extremo risco, desgastante física e mentalmente, com implicações na saúde desses profissionais. Na Assembleia, a Segurança Pública tem sido uma das principais pautas dos deputados, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado para se encontrar o número ideal.