Pesquisas eleitorais antes da campanha costumam olhar mais para trás do que para frente, mas não deixam de ser sinalizadoras da opinião do eleitor sobre os candidatos. A pesquisa encomendada pelo PDT ao Instituto Doxa, indicando empate técnico entre os dois primeiros candidatos e o terceiro muito próximo do segundo, é emblemática em Minas Gerais. Antonio Anastasia (PSDB) tem 15% das intenções de voto; Fernando Pimentel (PT), atual governador, tem 12%, e Marcio Lacerda (PSB) registra 9% da preferência dos mineiros. A despeito de ter feito 2.500 entrevistas e apresentar uma margem de erro mínima, o levantamento pode ter problema, não por conta do trabalho dos pesquisadores, mas pela incerteza política que marca a pré-hora eleitoral em todas as instâncias.
O PSB de Marcio Lacerda, por exemplo, ainda não sabe se ele vai ser mesmo candidato a governador ou se vai entrar na chapa de Ciro Gomes (PDT) e ser seu candidato a vice na disputa pela Presidência da República. Os socialistas estão no pior dos mundos, pois não têm a certeza nacional e ainda deixam seu possível candidato em Minas sob um clima de instabilidade. O PSB do Nordeste, com matriz em Pernambuco, apoia a candidatura do ex-presidente Lula, mesmo sabendo das impossibilidades previstas na Lei da Ficha Limpa. O da região Sudeste, capitaneado por São Paulo, namora Geraldo Alckmin, mas pensa em Ciro Gomes.
Desta forma, enquanto esses impasses não forem resolvidos, o eleitor ainda ficará com tendência a se fixar na indecisão, o que acaba distorcendo os números ora colocados para o público. O melhor momento pode vir na primeira semana de agosto, quando as convenções estarão em curso, pois é a ocasião de definição de nomes, embora ainda haja espaço para discussão de alianças. Mas o simples fato de já ser ter candidatos facilita o debate.
Em Minas, além do dilema socialista, tem a situação mais crítica dentro do MDB. O partido corre o risco de ver sua convenção judicializada, pois o deposto presidente Toninho Andrade não está disposto a jogar a toalha. Enquanto isso, os deputados que o apearam do cargo também se dividem: um grupo pretende voltar para os braços do PT, outro defende a candidatura própria, e uma terceira corrente pensa em acordo com o DEM. Como sempre, Minas faz mais política nos bastidores do que para plateia. Daí o jogo ficar embolado.