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Quebra de protocolos

editorial
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A fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, deu margem a uma série de discussões sobre os presídios no Brasil, a despeito de ter sido uma situação inédita, mas emblemática. Chamado a se posicionar, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, admitiu problemas e anunciou medidas. Uma delas é a construção de muros em todos os presídios federais, embora saiba não ser esse o ponto central. O governo federal e os estaduais precisam revisar e atualizar os protocolos de segurança, incluindo procedimentos de vigilância e respostas a incidentes.

A situação é mais crítica nos presídios estaduais com a maioria deles com superpopulação. O excesso de presos torna-se a matriz para uma série de questões e compromete qualquer projeto de ressocialização, sobretudo pelo modelo de abrigo que não separa os internos de acordo com suas penas. Presos de pequenos delitos ocupam o mesmo espaço de apenados por crimes graves, o que faz deles alvos e propícios a terem seu comportamento agravado.

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O Governo de Minas deve reabrir em breve o Centro de Remanejamento Provisório (Ceresp) de Juiz de Fora, em obras há pelo menos dois anos. A unidade ganhará novas acomodações e deve ampliar o número de vagas para 500 internos. Trata-se de uma medida de eficácia relativa, já que, e não é de hoje, a capacidade do Ceresp está esgotada. As últimas contas apontam para um número de internos bem mais expressivo, embora, salvo se comparado com o cenário anterior, de pelo menos 370 vagas. Aí, sim, houve avanços.

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Unidades como o Ceresp, em princípio, deveriam abrigar apenas presos provisórios à espera de sentença definitiva. Entretanto, devido à carga de trabalho dos tribunais, não surpreende que um interno cumpra toda sua jornada em um local temporário.

O ministro da Justiça, além dos muros, anunciou a revisão dos protocolos e aumento do efetivo. São dados positivos que devem ser acompanhados de melhor condição de trabalho para os agentes e implementação de tecnologias de monitoramento avançadas para melhorar a segurança. Há necessidade também de treinamento contínuo dos agentes, focando em técnicas de prevenção e respostas de fuga. Eles precisam ser mais bem remunerados para exercer uma função de grande risco.

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O Plano Nacional de Segurança (2021/2030) passou por atualizações. Ele estabelece diretrizes para segurança pública e defesa social do país, com prazos, indicadores e prioridades. Também coordena estratégias para alcançar suas metas. Entre elas, os abrigos são essenciais, principalmente para a implementação das políticas de ressocialização.

Para abordar o tema é necessário, ainda, melhorar a infraestrutura física dos presídios e adotar um sistema integrado de dados que permita o compartilhamento de informações entre diferentes agências de segurança pública. Tal proposta tem encontrado resistência de alguns setores mesmo se sabendo da sua eficácia.

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Os sistemas precisam “conversar”, sobretudo num país de dimensões continentais, no qual as polícias precisam ser integradas para enfrentar o crime organizado que a cada dia aumenta as suas fronteiras. Os dois fugitivos, por exemplo, têm conexões com uma facção do Rio de Janeiro embora sua área de atuação seja o Norte e o Nordeste do país.

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