O apresentador Luciano Huck desistiu de vez de ser candidato à Presidência da República, mesmo a contragosto, ao verificar que, quando se trata de eleição, o debate nem sempre se fecha no campo das ideias e das propostas. Normalmente, os ataques ficam abaixo da cintura, tamanho é o jogo de interesses em disputa. Garantiu que vai atuar ativamente das discussões, mas fora das pesquisas, como chegou a ser ensaiado. Jovem e realizado, ele seria o perfil do novo que tem encantado alguns segmentos, mesmo diante da inexperiência para um posto de tamanha magnitude. Desta forma, está reaberta a disputa pelos votos especialmente do centro, hoje perdidos entre a dúvida da radicalização à esquerda ou à direita, com Lula e Jair Bolsonaro respectivamente.
O jogo, porém, está só começando, mas já é possível vislumbrar cenários que irão definir o voto do eleitor. Sem Huck e, possivelmente, sem o ex-presidente Lula no páreo, o processo torna-se incerto, uma vez que os demais pretendentes estão patinando na casa de um dígito, e os que passaram dessa faixa não avançam. O eleitor ainda não conhece o que tais personagens defendem como propostas de governo, salvo o discurso raso de mudanças sem explicitar formas e meios de executá-las. Ninguém ousa falar, por exemplo, sobre a reforma da Previdência, que, provavelmente, deve ficar para a próxima gestão.
E esse é um dos pontos questionáveis nos palanques. Os políticos só falam de questões que agradam o ouvido das ruas, embora saibam que há sérios problemas a serem enfrentados, e a Previdência é um deles. Como a Constituição Federal estabelece que, durante um período de intervenção num ente federado, nenhuma reforma pode ser votada, a ação do Governo federal no Rio de Janeiro pode jogar a Previdência para a pauta do próximo presidente. Daí, ser fundamental saber o que os candidatos pensam a respeito.
Há também a discussão tributária que ocupa todos os debates, mas apenas sob o viés teórico. O Brasil é um dos países que mais cobram tributos da população e do setor produtivo. A primeira não vê o retorno em serviços, enquanto os empresários perdem competitividade por conta dos custos de seus produtos. Com a palavra, os presidenciáveis.