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Ações subterrâneas

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Em nota, a Polícia Federal diz que não houve desmantelamento da operação Lava Jato, mesmo com a troca de alguns personagens, como Márcio Adriano Anselmo, um dos primeiros delegados do caso, agora nomeado corregedor no Espírito Santo, mas que há tentativas, há. Pelo menos de blindagem de alguns atores políticos às vésperas de vir a público a lista da Odebrecht. A proposta de emenda constitucional elaborada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), estendendo aos presidentes da Câmara e do Senado a prerrogativa de não serem processados ou investigados por fatos ocorridos antes de assumirem os mandatos, é um ato de “deslavada” coragem, pois cria uma blindagem de jogo marcado: Rodrigo Maia, na Câmara, e Eunício Oliveira, no Senado, tiveram seus nomes citados nas delações e, se a PEC passar, estariam com direito à imunidade.

Enquanto empreiteiros e executivos foram presos pelas mazelas praticadas com dinheiro público, a instância política ficou calada; ao contrário, surfou na onda, defendendo as investigações. Agora, quando o foco se volta para o Legislativo, o discurso continua o mesmo para a plateia, mas as atitudes são outras. Várias são as iniciativas para parar a operação, algumas sob o argumento de já ser hora de dar um fim a essa novela que se arrasta há mais de um ano e que só produz desgaste para a imagem do país.

O problema, porém, é que ainda há muito para ser apurado, sobretudo para apontar as relações pouco republicanas entre políticos e empresários com o uso abusivo do dinheiro do contribuinte. O fio da meada, puxado no mensalão em 2005, ainda não chegou ao fim. A lista dos que praticaram esses ilícitos já está no Supremo, cabendo ao ministro Edson Fachin divulgá-la ou não. Deve fazê-lo, a fim de dar nomes aos bois e até mesmo dar margem de defesa àqueles que foram envolvidos, mas com capacidade de provar o contrário.

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Os políticos têm pressa, pois 2018 será ano de eleição e, por enquanto, estão todos sob o manto da dúvida – alguns mais, outros menos -, cientes de que a hora da verdade está próxima.

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