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A revolução das máquinas

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As grandes revoluções industriais já observadas no mundo têm algo em comum: elas impulsionaram a tecnologia ao mesmo tempo em que alteravam a relação entre as pessoas e como elas viviam no mundo. Foi assim na primeira grande revolução, em meados do século XVIII, com a mecanização e as máquinas a vapor; também foi assim na segunda, no século XIX, com a produção em massa e o advento da eletricidade; e é na terceira e atual, iniciada no século XX, que lança a era dos robôs, computadores e a inteligência artificial.

A história mostra que todas as revoluções também enfrentaram conflitos. E entre eles está a da relação da força de trabalho com a novidade que chega e ganha espaço. Um exemplo é narrado nos livros de história como a “Guerra contra as máquinas”, que teve seu ápice entre os anos de 1811 e 1816, no Reino Unido, com o ludismo e a equivocada estratégia de invadir as fábricas e destruir as máquinas.

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A situação de barbárie, nos moldes dessas revoluções, não se faz mais presente, mas vez ou outra os conflitos surgem, principalmente nos períodos de transição.

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Ao olhar para as experiências do mundo, é possível notar quais são as atuais profissões que começam a perder espaço para as máquinas e a tecnologia cada vez mais apurada, fruto da terceira revolução. Entre elas, podemos citar a dos ascensoristas, dos caixas de supermercados e dos cobradores de ônibus. São funções que, gradativamente, estão sendo substituídas pelo material não humano.

E o passado ensinou que lutar contra as consequências de uma revolução tem pouca efetividade na prática. O que não quer dizer que as categorias atingidas simplesmente devem aceitar as mudanças sem buscar contrapartidas.

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Juiz de Fora entrou de vez nessa discussão recentemente, quando as empresas de ônibus do sistema de transporte urbano deixaram claro que não querem mais contar com os cobradores nos veículos em médio prazo. Assim, o momento atual é de transição do modelo, que tem o objetivo de otimizar custos e tornar a operação viável, com a utilização de novas formas de cobrança. Entre elas, o já anunciado pagamento por meio de cartões bancários.
Ao mesmo tempo, o sindicato que representa a categoria, unido a atores políticos, busca reduzir os danos, exigindo a manutenção dos trabalhadores no sistema, mesmo que em outra função, e cobrando formas de não sobrecarregar os motoristas, que cada vez mais passam a trabalhar sozinhos nos veículos.

O que acontece na cidade atualmente não é uma iniciativa isolada. Dados da Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostram em quais municípios a profissão deixou de existir ou foi parcialmente extinta. Entre eles, estão cidades estruturadas das capitais e do interior, como são os casos de Natal (RN), Aracaju (SE), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Maringá (PR), Sorocaba (SP) e Niterói (RJ).

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A cidade vê com expectativa o atual momento e espera que as mudanças, inevitáveis, ocorram sem prejuízos a nenhuma das partes envolvidas. O momento é de buscar consenso.

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