Sempre quando é indagado sobre o gol mais feio que fez durante a sua carreira, o folclórico Dadá Maravilha tem a resposta pronta: “Não existe gol feio; feio é perder o gol”. Foi com essa lógica que o Governo trabalhou nos últimos dias em torno da reforma da Previdência. Adiar não é problema; frustrante seria ser derrotado numa eventual votação neste fim de ano. Com a transferência da votação do projeto para fevereiro, o Planalto e sua base esperam convencer os dissidentes da importância da matéria.
O único senão dessa articulação é a possibilidade de novas mudanças. O presidente Michel Temer e sua equipe admitem ceder mais para aprovar a reforma, o que, de uma certa forma, pode ser bom em termos de aprovação, mas sem garantia de eficiência no resultado. Já são tantas as alterações no texto que, no curto prazo, será necessária uma nova mudança.
É fato que o jogo político implica cobrar e ceder, mas há limites. A questão, agora, é avaliar as implicações das novas concessões e como estão sendo encaradas pelos deputados. Com medo das urnas, pois a reforma não é um tema palatável às ruas, apesar de sua importância, os parlamentares tendem a jogar para a arquibancada. Trata-se, aliás, de um equívoco, pois, como já foi dito neste mesmo espaço, o eleitor, a despeito de todas as cobranças, não faz esse link. A maioria que votou a favor da reforma da Previdência na gestão Fernando Henrique foi reeleita, por ser a reforma necessária.
Com três meses pela frente para discutir com a Câmara e com o Senado, o Governo ganha tempo, mas não se sabem as consequências. Só o tempo dirá.