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Por amor às cidades

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No livro “Por amor às cidades”, o medievalista Jacques Le Goff diz, citando Baudelaire, que “a forma de uma cidade muda mais depressa, lamentavelmente, que o coração de um mortal”. De fato, as cidades têm mudado rapidamente, passando de centros de comércio, e de intensa convivência, para espaços desafiadores, nos quais a mobilidade é um tema emblemático, e o cuidado com os próprios públicos, uma questão a ser resolvida.

Com quase 600 mil habitantes, Juiz de Fora passou por mudanças profundas nas últimas décadas. Os bairros mais do que dobraram, e o Centro urbano ganhou nova conformação, embora conserve a antiga estrutura. Os negócios se espalharam pela periferia, e o que era o centro nervoso tornou-se, sobretudo à noite, um polo de silêncio, algo, aliás, comum também nas demais metrópoles brasileiras. Só agora entra em cena o ciclo de revitalização, como ocorreu recentemente com a região portuária do Rio de Janeiro, antes, uma área de prostituição e de insegurança, transformada em um centro gastronômico e de lazer.

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Essa nova vocação dos espaços urbanos carece, porém, de discussão profunda com o envolvimento da comunidade. Na edição de terça-feira, a Tribuna mostrou a ação dos vândalos, que, sem medir consequências, explicitam suas mazelas destruindo locais dos quais eles próprios desfrutam. Pontos de ônibus são depredados, placas indicativas, jogadas ao chão, e áreas recuperadas, pichadas sem o menor constrangimento.
O que ocorre na cabeça do vândalo é um enigma, mas sua ação prejudica coletivamente, o que, em princípio, deveria levar os segmentos afetados a tomarem providências, no mínimo, denunciando tais predadores. No entanto, há uma lei do silêncio, forjada sobretudo pelo medo, que inibe as denúncias. Neste caso, então, o melhor investimento é a educação, única via capaz de indicar a tais personagens que na sua ação só há perdedores.

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