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Muito além do limite

editorial
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A pergunta que se fez imediatamente após o entrevero entre o apresentador José Luiz Datena e o coach Pablo Marçal, no qual o primeiro agrediu o concorrente no debate da TV Cultura foi: quem venceu? O radialista, horas após o episódio, disse não se arrepender do gesto, e seu grupo de marketing aproveitou para dizer que ele lavou a alma de muita gente.

A vítima, por seu turno, foi imediatamente às redes sociais para dizer que tinha fraturado uma das costelas, algo discutível por conta da própria pulseira verde que tinha no pulso indicando poucos danos. E foi além ao se comparar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, esfaqueado nas ruas de Juiz de Fora em 6 de setembro de 2018. A reação do pastor Silas Mafalaia foi emblemática: Bolsonaro fazia campanha; Marçal fazia provocações.

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O ato foi deprimente como tem sido a série de debates na maior cidade do Brasil, com os candidatos trocando ofensas em vez de discutir programas de governo. Mas nada justifica a violência física registrada. O moderador do debate, Leão Serva, classificou a agressão como “um dos eventos mais absurdos da história a televisão brasileira”. Tem razão.

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Debates acalorados não são surpresa. Basta remeter a memória para a campanha de 2022, quando o candidato Luiz Inácio Lula foi sistematicamente provocado pelo Padre Kelmon. Reagiu irritado, mas não passou daí.

O que se espera dos participantes é um grau mínimo de civilidade em respeito ao próprio eleitor, que se dispõe s acompanhar tais encontros na expectativa de conhecer os seus projetos, mesmo a aqueles que nitidamente não têm condições mínimas de execução. Mas é do jogo, cabendo aos antagonistas confirmarem ou questionar.

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Há cerca de duas semanas, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que moradores de Ohio estavam desesperados com imigrantes haitianos que estavam comendo os seus pets. Não precisou, sequer, da resposta de sua oponente Kamala Harris. Um dos mediadores desmentiu a informação. As regras para os debates são importantes para evitar danos à verdade ou aos participantes.

As cidades têm desafios importantes que devem ser discutidos em profundidade pelos candidatos, a quem cabe, também, apresentar suas propostas para mitigá-los ou resolvê-los. Tais manifestações chamam a atenção do eleitor ora prestes a ir às urnas de 6 de outubro.

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No entanto, quando a conversa parte para agressões verbais e físicas – como ocorreu em São Paulo -, o principal perdedor é o eleitor. Afinal, mesmo num cenário de polarização inaugurado há pelo menos seis anos, não cabe apelar para a violência, pois contraria a própria pauta do evento, uma vez que a segurança pública, seja em São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer cidade brasileira, ganhou relevância e tem sido um dos temas mais abordados pelos entrevistadores e pelos próprios candidatos. Buscar soluções, sim. Utilizá-la, não.

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