O envolvimento de jovens e adolescentes em crimes contra a vida continua sendo um dos principais desafios para as autoridades da segurança e do Judiciário, por se tratar de uma demanda sem fim. A cada dia, surgem fatos novos apontando a ousadia com a qual se apresentam, muitas vezes em grupos, como o que foi desbaratado pela Polícia Civil, na última terça-feira, que tinha até nome: Bando do Rodo. Esse tipo de identidade tem sido camuflagem para agregar personagens inseguros que acabam cooptados para obter sua sensação de pertencimento. Só que, somado ao seu envolvimento, acabam sendo massa de manobra para o cometimento de ilícitos.
Como são vários os grupos, o constante confronto entre eles dá margem a uma ciranda de crimes, praticados sob o viés da vingança. Esse jogo tem sido responsável pela ascensão dos números, embora o Estado tenha retirado das ruas alguns desses infratores, como a Tribuna mostrou na edição de ontem, com seis adolescentes e dois adultos sendo conduzidos à delegacia para prestar depoimento. Eles são suspeitos de envolvimento em homicídios consumados e tentativas na Zona Norte, região que concentra o maior número de ocorrências.
O simples recolhimento desses personagens não é garantia, uma vez que alguns deles, dentro de algum tempo, estarão de volta às ruas, resultado não apenas da inimputabilidade mas da falha do próprio sistema, hoje incapaz de apartá-los totalmente da vida social. Ora as casas de recuperação estão superlotadas, ora as acusações são frágeis. A discussão da maioridade penal, que deveria, sim, abordar outras questões, se prendeu ao detalhe da idade, algo que não indica solução do problema.