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Populações em risco

editorial
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O Atlas de Risco Hídrico, relatório publicado nessa quarta-feira pelo Instituto de Recursos Mundiais, apresenta dados alarmantes sobre o consumo de água no mundo. Ele revela, entre tantas outras constatações, que 25 países que abrigam um quarto da população global usam regularmente 80% de seus suprimentos renováveis a cada ano, o que representa – como destaca o jornal “O Globo” – um “estresse hídrico extremo”, com mais de 1 bilhão de pessoas podendo ser afetadas até 20250.

O matutino fluminense também dá ênfase ao comportamento da população, cujo consumo de água está aumentando – mesmo com dados mais confortáveis na Europa e nos Estados Unidos. A demanda hídrica em todo o mundo deverá aumentar entre 20% e 25%, de acordo com o relatório. Os cinco países que enfrentam maior estresse hídrico são Bahrein, Chipre, Kuwait, Líbano e Omã, com a lista dos 25 incluindo ainda Arábia Saudita, Chile, San Marino, Bélgica e Grécia.

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Tais constatações devem servir, de novo, de alerta para os riscos climáticos que vão se acentuando ante ações predatórias da própria população. Na Argentina, de acordo com o site “20 Funverde”, o governo do Departamento de Malargüe, na província de Mendoza, está implementando um projeto piloto para exploração não convencional de petróleo por fraturamento hidráulico.

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As consequências são incertas, mas há alertas, já que Mendoza, na patagônia argentina e ladeada pela Cordilheira dos Andes, é um extraordinário centro de produção de vinho. Os produtores temem o comprometimento de seu sistema de irrigação, herdado dos povos tradicionais, que utiliza água do degelo da cordilheira e é controlado por acéquias, canais que derivam a água de acordo com a demanda.

O relatório é de todo preocupante, por apontar os riscos globais pela falta de água. Com o clima fora de controle, as consequências vão de excesso de chuvas em determinadas regiões a secas extremas em outras, como é o caso do Lago Titicaca, nos Andes que se aproxima de seu menor nível histórico ante a falta de chuvas. O mesmo dado aflige a Espanha, onde pelo menos 9 milhões de pessoas estão sendo afetadas pela falta de água.

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Chama a atenção o fato de, a despeito de tantos eventos, a pauta climática não ser alavancada com medidas drásticas para reduzir especialmente a emissão de gases. Por diversas vezes, nesse mesmo espaço, a Tribuna, modestamente, tem apontado a ausência de consequências positivas nos vários fóruns sobre o meio ambiente. No ano passado, em Glasgow, na Escócia, foram firmados vários acordos, mas pouco mudou. O Brasil foi sede do maior evento, a Eco 92, que reuniu chefes de estado de cem países. O que ficou decidido se perdeu no tempo.

Há uma deliberada falta de consciência ambiental que, mais dia, menos dia, terá resultados irreversíveis. O ponto de não retorno pode estar mais próximo do que se imagina e aí não haverá saídas para a reação da natureza.

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