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Cadê os ‘bombeiros’?

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Quando a população foi às ruas em 2013, capitaneada especialmente pelos jovens, o Governo Dilma não prestou atenção nos acontecimentos que envolveram milhares de pessoas pelo país afora. Ao contrário, se fechou em copas e deu margem para outras ações que culminaram com o impedimento da chefe do Governo e a virada completa nas urnas de 2018. O corte de 30% nos gastos com a Educação anunciado pelo Ministério da Educação, que diz ser apenas um contingenciamento, reacendeu o sentimento popular que culminou, na última quarta-feira, com um novo retorno do povo às ruas em pelo menos 200 cidades do país, a maioria delas com grande densidade populacional.

Dessa vez, porém, em vez do silêncio de Dilma, o presidente Jair Bolsonaro partiu para o ataque, classificando os manifestantes de “idiotas úteis”, que estariam sendo manipulados por segmentos da esquerda interessados em desestabilizar o seu Governo. Ao mesmo tempo, o ministro Abrahan Weintraub travava uma dura queda de braço com deputados no plenário da Câmara Federal. Ainda é cedo para avaliar as consequências, mas esticar a corda nunca foi a melhor opção quando se trata de eventos populares. O discurso do presidente alcançou até mesmo eventuais eleitores que apoiaram a sua eleição, mas que discordam dos cortes determinados pela área econômica.

Melhor seria se desse margem para o diálogo, algo, aliás, que está faltando não apenas na relação do Planalto com o Parlamento, mas também dentro da própria base governista, que vira e mexe é abalada por algum percalço. O mais recente envolve o ministro Onyx Lorenzoni, que teria, de certa forma, desmentido os próprios apoiadores ao abordar o contingenciamento.

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Falhas na comunicação à parte, estão faltando bombeiros num espaço em que há muitos incendiários. O resultado implica inações e o comprometimento da causa maior que é a reforma da Previdência. Os embates contaminam a discussão de um tema estratégico para o país, pois abrem uma nova agenda, tirando o foco do principal projeto. A rejeição da reforma seria desastrosa para todos, o que deve servir de alerta para deputados e senadores.

Manter o enfrentamento pode ser bom para as redes sociais, mas não ajuda em nada no momento em que a matéria está prestes a chegar ao plenário.

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