Jogar para a plateia, como é useiro e vezeiro na política, tem lá seu preço. Num primeiro momento, o resultado aparece, e o prestígio se amplia, mas as consequências têm sido danosas. E não se trata de uma questão tupiniquim, é um dado que perpassa modelos políticos e afeta populações inteiras, quando levado ao extremo. No Hemisfério Norte, os americanos estão assistindo estupefatos aos primeiros dias da gestão Donald Trump: são avanços e recuos permanentes. Parodiando Cazuza, suas ideias nem sempre correspondem aos fatos.
Aqui, do lado de baixo do Equador, o jogo populista também tem produzido efeitos perversos nos estados, embora, inicialmente, tenha agradado os ouvidos da plateia, enquanto os que fazem o dever de casa pagam um preço inicial. No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung tenta vencer um câncer e a intransigência de seu sistema de segurança. Para a doença, passou por uma cirurgia, que o tirou de cena no auge da crise nas ruas. Na política, ainda está tendo problemas, mas, certamente, irá virar o jogo.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão, antes mesmo de os policiais, por meio das mulheres, fecharem os quartéis, deu aumento de 10%. Foi justo, mas não mediu os efeitos colaterais. O estado acumula um histórico de desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal e só terá recursos da União se fizer esse controle. Não se sabe como.
Em Minas, durante o périplo que faz pelas cidades-polo – provavelmente Juiz de Fora irá recebê-lo na segunda-feira -, o governador Fernando Pimentel tem dito, durante entrega de viaturas, que não irá penalizar os servidores públicos e nem se submeterá aos rigores da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para colocar a economia mineira em ordem. O discurso é bom e é também justo, mas, como os números não aceitam desaforo, a questão a saber é como irá resolver o drama da economia mineira, hoje em precárias condições.