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SÓ UM LADO

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O pacote fiscal apresentado pela equipe econômica encabeçada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) pode até ter atendido em parte os anseios do mercado, mas é o tipo de projeto em que não se combinou com os beques. Depois de uma frustrada tentativa, o Governo retoma a CPMF como forma de equilibrar suas contas, pois sabe, de antemão, que sem ela as demais medidas tornam-se insuficientes. E aí residem dois problemas. Há cerca de um mês, quando a volta da contribuição entrou na agenda, a rejeição foi tamanha que o Planalto recuou, mas não esqueceu. Sua volta transfere o desgaste para o Congresso Nacional, a quem cabe aprovar o texto ou rejeitá-lo. Mas há um novo componente: Brasília surpreendeu os governadores ao dizer que a arrecadação servirá única e exclusivamente para cobrir o rombo da Previdência, e, se esses quiserem fazer parte do bolo, que convençam os deputados e senadores a aumentarem a alíquota para 0,38%.

A segunda questão envolve o dever de casa. A maior parte do pacote tem viés tributário, ora aumentando as taxações, ora mudando o seu foco. O tão propalado corte na carne não é nem sombra do que se esperava, pois, ao adiar concursos, o Governo apenas adia contratações. O ministro Nelson Barbosa anunciou a redução dos ministérios, mas não disse quantos e nem quando, embora seja uma demanda importante para se estabelecer um jogo de troca com o contribuinte. Cada um perderia um pouco.

Até agora, porém, o financiamento da crise está sendo feito pela população, já assoberbada de tributos e sem a garantia de pleno retorno. Os serviços continuam precários; a segurança, mínima, e a saúde, um problema constante. Mesmo assim, os ministros apontam, de novo, para o bolso do consumidor, mesmo sabendo que suas medidas sinalizam para o aumento dos custos do setor produtivo e o consequente desemprego. Os próximos dias serão emblemáticos, quando será possível saber como os parlamentares vão reagir. Se apoiam o sacrifício das ruas ou se dão mais uma carta de crédito para o Governo.

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