Se comparados ao mesmo período do ano passado, os números, de fato, são menores, mas a violência urbana deve continuar na agenda do Poder Público, uma vez que o país ainda ostenta números impressionantes de crimes consumados contra a vida, sendo recordista na escala mundial a despeito dos conflitos que se destacam, sobretudo, no Oriente Médio. Mais do que isso, a violência ganhou conotações de reality show, à medida que caiu nas redes sociais. A execução (não há como classificar de enfrentamento) de um policial militar por bandidos na cidade de Margarida, quando ele foi surpreendido por um grupo de assaltantes, foi para as redes sociais. A despeito do risco, havia quem filmasse o episódio, mais preocupado em postá-lo do que com os danos causados à vítima.
Ao curso da semana, outras cenas foram incorporadas ao noticiário, como a morte do vigia, no mesmo evento em Minas, e os casos de quadrilhas enfrentando a polícia aqui no país e até no exterior. Há um certo deleite por tais imagens, apontando para a banalização da vida. As ocorrências já não causam comoção, se incorporando à rotina das ruas, como acontece, especialmente, no Rio de Janeiro, onde passar pelos túneis tornou-se uma aventura.
Enquanto isso, paira silêncio sobre a indignação das instâncias oficiais – a começar por Brasília -, que prometeram, no início do ano, uma ação sem trégua contra o crime organizado. Os políticos estão mais preocupados com a própria sobrevivência em detrimento de temas importantes para a cidadania. As cidades tornaram-se pontos instáveis, e ir às ruas, sobretudo à noite, tornou-se motivo de preocupação, forçando a uma mudança de comportamento coletiva, enquanto o crime se apresenta como dono das ruas.
O combate à violência deve ser uma preocupação permanente, com fortes investimentos na prevenção, o que implica, necessariamente, projetos de longo prazo na educação, na geração de empregos e em ações sociais para reduzir a desigualdade.