O presidente Michel Temer convidou os governadores para um jantar na noite de terça-feira, que seria seguido de um encontro, na quarta-feira, para tratar de repasses do BNDES aos estados sem as rígidas contrapartidas estabelecidas pela própria equipe econômica no debate sobre as dívidas dos estados. O Rio de Janeiro topou, Minas ficou com um pé atrás, e o governador Fernando Pimentel disse que não iria sacrificar projetos e nem os servidores para acolher as recomendações de Brasília.
O novo pacote é mais generoso, e é aí que reside o perigo. Benesses econômicas para garantir apoio político sempre são problemáticas, pois já se sabe qual será o desfecho. A esse velho filme os brasileiros assistiram na gestão Dilma, quando ela baixou o preço das tarifas de energia elétrica, provocando um déficit nas contas do sistema, que, agora, estão sendo pagas pelo próprio contribuinte. Na ocasião, ela estava de olho na reeleição e abriu a caixa de bondades para agradar o eleitor.
Fragilizado no Congresso e com uma denúncia formulada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, o presidente busca nos governadores um porto seguro, pois cabe a eles convencerem seus deputados a rejeitarem a ação do procurador e colocarem uma pedra sobre um eventual processo de cassação. De novo, o particular prevalece sobre o geral, pois se a economia dá sinais de recuperação é justamente por acertar as contas. O pacote de Temer vai em sentido contrário.
Por conta do feriado, a semana parou na quinta-feira, mas a discussão será retomada na segunda-feira sob forte viés de preocupação, pois novas provas estão surgindo ao curso dos dias. O presidente, provavelmente, terá respaldo dos deputados para rejeitar o pedido de Janot, mas o preço será caro não só para ele, mas também para o país, que sonha em sair desse eterno túnel de problemas.