A recente pesquisa Genial/Quaest, avaliando o trabalho do presidente Lula, foi emblemática. Se as eleições fossem hoje, 55% dos entrevistados não apostariam na reeleição do chefe do Governo enquanto 42% entendem que ele deve ter uma segunda chance. Foram feitas 2.045 entrevistas de forma presencial, entre os dias 2 e 6 de maio. A margem de erro foi de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança de 95%.
Pesquisas refletem o momento, mas devem servir de referência ou alerta para o que está sendo colocado em avaliação. No caso do Governo, a maioria dos eleitores está sua insatisfeita com o que está sendo feito se comparado com o que foi prometido na campanha eleitoral.
As regiões de maior afeto e as de rejeição mais acentuada são as mesmas. No Nordeste, 60% dos pesquisados defendem um segundo mandato. Já no Sul e no Sudeste, os números se invertem. As chuvas que levaram o caos à maioria dos municípios do Rio Grande do Sul estão com plena atenção do Governo Federal. Nesta quarta-feira, o presidente, em menos de duas semanas, visitou a região, o que é parte de seu trabalho, mas Lula também olha os números.
O dado mais emblemático, porém, é a permanência da polarização entre o atual e o mandato anterior. Se levada em conta a margem de erro, a posição dos entrevistados fica próxima de um empate técnico. Dois anos e meio depois do pleito nacional, o cenário é praticamente o mesmo.
Trata-se de uma advertência para os políticos que se situam fora das bolhas polarizadas. Em 2022, tirando o petista Luiz Inácio Lula e o então presidente Jair Bolsonaro, os demais candidatos adotaram uma postura intermediária, apresentando-se como terceira via para romper a polarização. Não funcionou.
A pesquisa mostra que pouco mudou. E mais, fora do espectro envolvendo Lula e Bolsonaro, nenhum nome considerado alternativo ganhou relevância. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas; de Minas Gerais, Romeu Zema, e de Goiás, Ronaldo Caiado, estão dentro do mesmo campo e suas ascensões dependem diretamente do ex-presidente. Na esquerda, o nome mais citado continua sendo o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A novidade foi o desempenho da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A permanecer o atual quadro, com Bolsonaro impedido de disputar, ela está à frente de todos os governadores. No Nordeste, ela tem a preferência de 31% dos eleitores; no Sul, 26%, e no Centro-Oeste/Norte, 33%. Ela só perde na região Sudeste, onde o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é a opção de 33% dos entrevistados.
As eleições de outubro, embora sejam municipais, com apelo paroquial, já que o eleitor quer saber de suas demandas, terá momento de nacionalização, produzidos pelos dois polos ideológicos. O desempenho dos políticos apartados destas bolhas servirá de referência para 2026, uma vez que há espaço para tirar lições sobre o enfrentamento que divide o país.