Juiz de Fora sempre teve um histórico positivo de adesão às campanhas de vacinação, o que antecipa uma resposta adequada da comunidade ao novo mutirão a ser implementado no próximo sábado quando as 59 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estarão abertas para aplicação de vacinação contra influenza, Covid-19 e meningite. O público alvo são jovens e adultos, embora idosos e crianças também estão dentro da meta.
Ampliar a cobertura vacinal é uma necessidade para garantir a normalidade da cidade em todos os setores. A experiência com o coronavírus foi pedagógica, por apontar a necessidade de a comunidade aderir aos programas de imunização. Mas os resistentes, ora por conta de dúvidas ideológicas, ora por considerarem que as duas primeiras doses e as duas de reforço são suficientes. Trata-se de um claro equívoco, em razão das mutações pelas quais passa o vírus.
Os resistentes deveriam se apegar a um detalhe: todos os anos a população é convidada a se vacinar contra a gripe e o faz sem grandes resistências. A causa é a mesma. Assim como vírus da Covid, o da influenza também muda a cada estação. As vacinas são atualizadas para enfrentar tal mutação.
Ademais, é necessário lembrar que por gerações inteiras ir aos postos de vacinação era um compromisso anual, o que fez do Brasil um dos campeões de imunização, dando fim a doenças graves, como a poliomielite e febre amarela, que mataram ou deixaram marcas irreversíveis nas suas vítimas. Tais doença praticamente saíram do glossário, mas, como tantas outras, voltaram aos registros ante a resistência à vacinação.
Os muitos atores da informação deveriam engrossar as filas de convencimento, por todos serem parte interessada. As doenças ora visadas na campanha não se esgotam num único paciente. Elas têm forte poder de contaminação, o que amplia a necessidade de imunização, sobretudo de idosos e crianças.
Entre as muitas consequências da politização da vacina, a redução na procura dos postos foi o mais grave, já que mesmos personagens que se dizem esclarecidos começaram a resistir a uma simples ida aos postos sob argumentos de toda sorte.
Esse jogo é jogado principalmente nas redes sociais, quando notícias falsas ganham repercussão e se tornam comuns nesse ciclo de pós verdade. A discussão em torno do projeto das fake-news ganha relevância também em situações como essas, pois há segmentos que transitam pelas redes sociais com argumentos que, ao olhar leigo, são sólidos, e que comprometem o envolvimento coletivo em campanhas como a vacinação.
O melhor antídoto continua sendo a informação de qualidade, mas é necessário que o esclarecimento seja coletivo. Quem faz um mínimo esforço de estabelecer o contraditório, em fez de compartilhar sem qualquer avaliação, é um personagem capaz de ajudar a virar o jogo. A vacinação é uma clara questão de saúde pública. De política, não.