As previsões da meteorologia apontam que as chuvas continuarão caindo com intensidade na Região Sudeste, o que, de pronto, demanda cuidados para se evitar danos maiores além dos já registrados. Em Juiz de Fora, até que sejam implementadas obras de drenagem nos pontos já nomeados pela Prefeitura, os alagamentos continuarão acontecendo, como foi o caso do Bairro Santa Luzia, de novo sob as águas do córrego que corta a região. Situação semelhante foi observada na noite de terça-feira em outros pontos da cidade.
Diante da instabilidade climática, que afeta todo o planeta, chuvas mais intensas passarão a ser comuns no verão, contrapondo-se a secas prolongadas em outros polos. Vale o mesmo para a temperatura: frio intenso e calor em demasia, como já é possível verificar. No Rio de Janeiro, há cerca de uma semana, a sensação térmica chegou a inimagináveis 58 graus. A “Cidade Maravilhosa” também tem enfrentado sérios problemas com os alagamentos.
No entanto, a face mais explícita do descaso ocorre na Região Serrana. Ontem completou um ano da tragédia que matou dezenas de pessoas por conta de alagamentos e deslize de encostas, especialmente na cidade de Petrópolis. A despeito da tragédia, o Governo municipal e o do estado continuam batendo cabeça em torno da responsabilidade pelas obras. No discurso, elas estão em curso, na real, quase nada foi feito. A população, a qualquer mudança no tempo, entra em estado de atenção.
Na sua primeira reunião com o secretariado, agora no segundo mandato, o governador Romeu Zema disse à sua equipe que a casa está arrumada, depois de cobrir os rombos deixados pelo seu antecessor, Fernando Pimentel, e que agora é hora de implementação de projetos estruturantes.
O governador tem razão, e as cidades devem estar atentas ao discurso para cobrar participação do Estado nos seus diversos pleitos, sobretudo em torno de obras estruturais. Minas, estado cercado por montanhas, tem passivos expressivos em suas cidades, já que boa parte das residências fica nas encostas. Reverter esse cenário é quase impossível, mas há margem para se discutir medidas voltadas para o futuro, principalmente por se saber que os problemas vão se repetir.
No caso de Juiz de Fora, além das encostas, há os afluentes do Rio Paraibuna, muitos deles desconhecidos dos próprios juiz-foranos, por estarem sob o asfalto. O córrego da Independência é o principal deles, mas o de São Pedro, sobretudo já nas proximidades do Paraibuna, entra num gargalo que tem consequências diretas no Bairro Democrata.
O silêncio de administrações pretéritas, ou o pouco zelo na concessão de licenças, gera um custo que agora torna-se realidade. Nada contra o progresso, pois ele faz parte da dinâmica das cidades, mas é necessário que ocorra cercado de ações preventivas, já que, ao final, todos pagarão a conta.