As investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes chegaram a Juiz de Fora, com uma ação de agentes da Polícia Civil fluminense em busca de provas de clonagem de veículos e também do próprio homicídio. Sob sigilo, a operação quase foi por água abaixo quando os três veículos com os policiais foram interceptados pela Polícia Militar no Centro da cidade. Esclarecidos os fatos, o trabalho prosseguiu.
O caso, que já se aproxima de um ano sem elucidação, ganhou corpo nos últimos dias em função de pressões políticas até de Brasília, que colocou a Polícia Federal no caso, a despeito de a prerrogativa ser da Polícia Civil, sob o argumento de haver um complô. O conflito de autoridades pode ter acelerado o caso, sobretudo por declarações do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, ao destacar que a polícia já conhecia os autores e os mandantes do crime, com sua prisão sendo apenas uma questão de tempo. O ministro da Justiça, Raul Jungmann, foi pela mesma trilha, mas destacou que a PF não atrapalha as investigações, que já estariam bem avançadas.
Com duas polícias ou uma só, o fato central é a elucidação do caso, mas também de muitos outros que ficam longe do noticiário. O Rio de Janeiro tem um histórico de problemas na área de segurança que ainda não foi resolvido, a despeito da intervenção federal, que termina no final deste mês. O número de crimes contra a vida, é fato, caiu, mas se mantém em níveis insustentáveis, fazendo da Cidade Maravilhosa um lugar de risco para seus habitantes e para os milhões que a visitam todos os anos.
Com a posse dos novos governos, espera-se que as áreas federal e estadual, sem qualquer constrangimento, conversem mais, pois só com a conjugação de esforços e integração das polícias será possível enfrentar o crime, cada vez mais organizado.