O Censo de 2022 ainda está em curso, mas dados divulgados este ano pelo IBGE são reveladores ao traçar o perfil da população brasileira: o número de pessoas com 60 anos ou mais no país cresceu cerca de 40% na última década, com essa parcela da população passando de 22,3 milhões, em 2012, para 31 milhões de pessoas em 2021. Essa curva ascendente tente a continuar, uma vez que o aumento da longevidade é um dado real, mesmo diante dos danos provocados pela Covid, especialmente entre 2020 e 2021.
Com base nestes dados, o estagiário Gabriel Magacho foi às ruas para ouvir não apenas pessoas já na terceira idade, mas também especialistas, a fim de diagnosticar as consequências do fenômeno e como ele está sendo acompanhado pelas instâncias públicas. A conclusão foi preocupante, pois, além da carência de políticas públicas e privadas de maior consistência, ainda há propostas no Congresso Nacional querendo mudar o patamar da terceira idade. O deputado Bibo Nunes (PL-RS) apresentou projeto de lei que prevê a elevação da idade de classificação da pessoa idosa de 60 para 65 anos.
O parlamentar gaúcho argumenta que houve mudanças de parâmetros. Quando a legislação para a terceira idade foi votada e sancionada, a expectativa de vida era de 71 anos, contra os 76 anos atingidos em 2027. O assistente social e gerontólogo José Anísio Pitico da Silva – colaborador da Tribuna – destacou que o marco etário pode ser revisto em algum momento, “mas definitivamente ainda não está na hora disso acontecer”.
Ele tem razão. A pandemia retrocedeu alguns avanços conquistados pelos idosos e ainda medidas que precisam ser implementadas. É fato que uma pessoa de 60 anos hoje não é a mesma de dez ou vinte ano atrás. Houve um tempo em que o cinquentenário era a porta de entrada da velhice. Hoje, não. Entretanto, o idoso de hoje carece de investimentos na qualificação, sobretudo para acesso às novas tecnologias. Na própria Câmara Municipal de Juiz de Fora há iniciativas nesse sentido, uma vez que nem todos têm meios para experimentar o mundo digital.
A desigualdade ainda é um dado real no país. Quando da pandemia, ela ficou visível quando se discutia o trabalho e o ensino virtual. Foi um avanço, mas uma expressiva parcela da população – incluindo estudantes e idosos – ficou apartada desse processo. Os idosos por não terem conhecimento digital e os jovens pela falta de recursos para tercem acesso aos dados que transitam pela rede mundial.
Há, pois, um longo caminho a ser traçado e os defensores da nova classificação etária devem estar atentos para esses detalhes. Certamente só vão sentir as dificuldades de hoje quando também chegarem aos 60 anos ou mais.