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Ruas ocupadas

editorial
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A ocupação das ruas é um fator histórico, mas, a partir da pandemia, o número de pessoas em situação de rua aumentou expressivamente nas cidades, especialmente as de médio e grande porte e tornou-se uma pauta da própria sociedade. Ainda não há uma fórmula capaz de mudar esse cenário – visto até mesmo no chamado primeiro mundo -, mas diversas ações podem ser encetadas para, no mínimo, mitigar o problema.

Os manuais apontam de forma recorrente à adoção de programas de inclusão social e econômica que envolvam o mercado de trabalho. A criação de programas de treinamento e capacitação dessa população é uma alternativa para sua inserção ou retorno, mas não é a única, sobretudo quando se avalia o perfil de muitos desses personagens. Os serviços de triagem já constataram casos de profissionais que, por diversas razões, encontraram nas ruas o seu abrigo embora estivessem aptos para exercer sua profissão.

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Um dos fatores emblemáticos é a saúde mental. Equipes de saúde móveis devem circular pelas áreas com maior concentração para buscar alternativas para esses personagens. Por questões genéticas ou pelo consumo de álcool ou drogas, têm a saúde afetada e perdem as próprias referências. E não é pela repressão que o problema será resolvido.

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Não é o caso de Juiz de Fora, mas cidades como São Paulo têm as chamadas cracolândias, nas quais viciados e traficantes se misturam num frenesi que se espalha pelo seu entorno, levando o medo à população e ao comércio. As muitas tentativas de removê-las foram em vão, já que simplesmente apenas trocam de lugar. Há, ainda, uma perversa combinação entre o crime e vítimas, com o envolvimento até de agentes do Estado, que deveriam zelar pela segurança.

O governo paulista constatou que o tráfico de drogas que abastece a Cracolândia no centro da capital paulista é dominado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O “fluxo”, nome dado à concentração de dependentes químicos, é só o ponto final da rota do crack.

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A sociedade também deve ser chamada para essa discussão, uma vez que, por ignorar os meandros dessa realidade, ela se fecha no preconceito. Por isso, campanhas de conscientização podem ajudar na mudança dessa mentalidade.

Os municípios isoladamente não têm meios para enfrentar o problema, carecendo de respaldo dos estados e da União, uma vez que, ao fim e ao cabo, o problema se reflete em todas as instâncias.

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É fundamental assegurar os direitos civis desses personagens que, de fato, também são vítimas. Não é desconhecida a rejeição de muitos desses atores em aceitarem um abrigo, nos quais há regras, preferindo continuar nas ruas. Também não se ignora o duro trabalho dos agentes que, especialmente à noite, fazem o trabalho assistencial. De um dia para o outro seu trabalho é desfeito, mas não é possível esmorecer.

A Tribuna, na série Voto & Cidadania, trata do tema, por ser uma das preocupações apontadas pela população. A repórter Nayara Zanethi ouviu especialistas e colheu opiniões sobre tema tão complexo. Os candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora são convidados a opinar e suas respostas serão apresentadas, já nesta segunda-feira, na versão digital e terça-feira no jornal impresso. É certo que há posturas de toda sorte, algumas delas radicais, mas o importante é discutir o tema.

O mundo vive realidade semelhante em boa parte dos países, já que um dos pontos centrais é a economia. O desemprego leva pessoas às ruas. A saúde mental também, mas há ainda fatores sociais de fundo familiar que também contribuem para esses cenários. Assim como as causas, a solução passa por diversas frentes.

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