Entre um comício e outro, os candidatos deveriam pegar os dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e avaliar o desafio que têm pela frente quando se trata de desenvolvimento humano. Mesmo tendo melhorado em relação a 2017, o país vai mal, ocupando apenas a 79ª posição no ranking mundial que inclui 189 países. Na América Latina, está apenas no quinto lugar, sendo superado por Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela. Esta, a despeito do clima de guerra civil e de pobreza extrema, fez mais investimentos do que o gigante da América Latina. É fato que a comparação é perversa em alguns pontos, quando se sabe, por exemplo, que os próprios venezuelanos estão abandonando o seu país para fugir da humilhação e da fome, mas nada redime as autoridades brasileiras que continuam colocando o IDH como uma consequência menor.
Neste período de campanha, os discursos são de pleno bem-estar da população, com promessas que vão desde o mais simples saneamento à retomada do crescimento em níveis robustos, como se simples discursos resolvessem tais questões. O Brasil ainda é um dos que menos investem em saneamento básico, deixando uma expressiva parcela da população à mercê da própria sorte. Basta ver os lixões a céu aberto sem qualquer tipo de tratamento que ocupam a periferia das metrópoles. São verdadeiros bolsões de contaminação explorados por pessoas que não têm outro rumo senão catar migalhas. Mas esses temas não entram na pauta.
Com a economia estagnada e o descomprometimento com tais áreas, a tendência é a mesma para 2019, salvo se o futuro presidente, seus ministros e o Congresso deixarem a agenda menor de troca de favores e voltarem seu olhar para o futuro. Este, no entanto, só se constrói com políticas capazes de dar ao presente as reais condições de vida com dignidade para a população. Hoje isso não é possível, pois demandas como saúde, educação e segurança, entre outras, também estão apenas no papel.