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Crise de identidade

editorial-moderno
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A contagem dos votos na Câmara dos Deputados quando da avaliação dos projetos de voto impresso – rejeitado -, da implantação do distritão – rejeitado – e da volta das coligações – aprovado – chama a atenção não apenas pelo resultado, mas também pelo comportamento dos partidos. A despeito de a primeira questão ser uma pauta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, partidos ditos de oposição também concordaram com a proposta, valendo o mesmo para a implantação do sistema em que os mais votados seriam os eleitos e no retorno das alianças partidárias, principais indutoras de legendas de aluguel. No mapa de votação há dissidências em siglas tradicionais como PSDB, DEM, MDB, PSB e até no PT.

A lógica dos partidos nem sempre é a mesma das ruas. Enquanto estas agem movidas pela emoção e pela preocupação com o futuro, os políticos têm conveniências próprias, que são moduladas pela pressão popular. O distritão, por exemplo, foi rejeitado diante da manifestação da opinião pública, mas nem por isso o resultado deve ser considerado um fim em si mesmo. As outras votações são emblemáticas e dão margem a análises mais profundas sobre as legendas nacionais.

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O PSDB, um dos principais patrocinadores do fim das coligações, definido pelo Congresso em 2017, e só aplicado no pleito municipal de 2020, rachou na apreciação da matéria. O deputado Aécio Neves, que chegou perto de ser presidente da República, se absteve na votação do voto impresso, argumentando ser essa discussão uma pauta para 2022. Seu posicionamento, no entanto, tem outras interpretações. Aécio é um dos principais nomes do PSDB e tem forte influência na bancada. Suas ações, de fato, são voltadas para 2022, mas não necessariamente para uma candidatura própria – como pregam os dirigentes e a prévia prevista para outubro -, considerando que ela não se sustenta num cenário polarizado.

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Os partidos precisam ir para o divã, a fim de avaliarem seu futuro. Nesse jogo de idas e vindas, quem se perde é o eleitor, pois fica sem uma clara definição da postura das legendas. Os programas partidários foram substituídos pelas conveniências (ou sobrevivência) bastando acompanhar as ações e reações no Parlamento.

Ficam claros a ausência de novas lideranças e o ocaso de políticos que poderiam servir de bússola para seus pares. Se nos outros tempos Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Jarbas Passarinho e Petrônio Portela – entre tantos outros -, a despeito de estarem em lados opostos, dialogavam, hoje não há garantias. Além da falta de atores, as decisões são descumpridas, numa perigosa rotina que põe em risco a democracia.

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