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Além dos celulares

editorial
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Tema que envolveu e segue pautando discussões em todo o país, a proibição do uso dos celulares nas escolas públicas e privadas, tanto nas salas de aula quanto no recreio e nos intervalos, foi oficializada com a sanção de lei pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última segunda-feira (13).

A medida adotada no Brasil já é realidade de países que possuem restrições de uso do celular nesses ambientes de ensino, como Espanha, França, Dinamarca, Itália e Holanda. Ao mesmo tempo, a pesquisa TIC Educação 2023, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, apontou que seis em cada dez escolas de ensino fundamental e médio já adotavam regras para uso do telefone pelos alunos no país.

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Seja você favorável ou não, a proibição foi decretada, e suas consequências devem ser esmiuçadas pelas instituições e pelos pais – da creche ao ensino médio. Nesse sentido, há extrema necessidade na ampliação da discussão sobre a justificativa principal do texto do projeto de lei aprovado: a proteção das crianças e dos adolescentes. Um estudo de Harvard, nos EUA, e repercutido no Jornal da USP, concluiu que o excesso de tecnologia leva a prejuízos não apenas na comunicação entre crianças e jovens, mas também a problemas no sono e atrasos no desenvolvimento cognitivo.

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E como proteger mais os estudantes? Investindo em educação de base, em saúde. Uma criança, naturalmente imatura e acostumada a estar envolvida com as telas fora do ambiente escolar, terá, necessariamente, maior concentração com as mesmas metodologias de ensino utilizadas há décadas, agora em um cenário imediatista e tecnológico? A falha em incorporar a tecnologia na educação, com a consequente proibição do uso dos celulares, somada à facilidade na obtenção de acesso à internet e ao vício no pobre aproveitamento das redes sociais são reflexos também da dificuldade de órgãos e muitas instituições de ensino em entender as novas demandas de uma sociedade, desde a infância, completamente envolvida com novas tecnologias. Que possui respostas rápidas com o Google ou a IA e acredita fielmente que isso será suficiente em sua vida adulta – pela falta da maturidade, já mencionada, e, principalmente, pela própria educação familiar, de base, na formação, que é deficitária em sua maioria no Brasil.

O problema está além do uso dos celulares. Antes da lei, escolas já restringiam o uso dos aparelhos. Tudo passa pela educação de base. Seja na formação em casa ou nas escolas. O uso dos celulares, por pior que seja aos estudantes, não pode estar sendo também uma muleta para problemas maiores no país? O que será feito a partir de agora?

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