A prisão de um homem dentro de um vagão da antiga Litorina, no Bairro Mariano Procópio, nas proximidades do museu, é um caso típico de furto em que o autor, como na maioria das vezes, pratica o crime para se alimentar ou para comprar drogas. Trata-se de um caso social, mas também de polícia, pois se há furto é porque tem quem compra. Já foram feitos vários mapeamentos de ferros-velhos da cidade, mas o problema persiste.
Só nesta semana, o prédio da Rede Tribuna foi alvo, duas vezes, de predadores que romperam o cabeamento e deixaram as duas emissoras – Mix e Transamérica – momentaneamente fora do ar. Foi feita ocorrência, mas os ladrões não se intimidaram e voltaram ao mesmo local na manhã do feriado de 12 de outubro. E em plena luz do dia.
Não faz muito tempo, uma legislação específica foi implementada, exigindo que os ferros-velhos apresentassem recibo de compra de qualquer matéria, a fim de identificar a sua origem, mas é preciso não só a lei, mas também um mapeamento atualizado desses compradores, já que os furtos continuam ocorrendo com frequência.
As emissoras ficaram por um tempo fora do ar, mas as consequências desses atos podem ser mais graves. Num mundo conectado, no qual muitos serviços dependem diretamente da internet, o rompimento de um cabo pode comprometer a sinalização urbana, levando o caos ao trânsito ou ações mais complexas. Por isso não se trata de um crime comum, pois há consequências.
A fiscalização deve ser sazonal, a fim de garantir o cumprimento permanente da legislação. É fato que a maioria é séria e cumpre a lei, mas, diante de tantas ocorrências, fica claro que ainda há clandestinos atuando na cidade. Caso contrário, qual é o destino do material furtado?
Recentemente, a Prefeitura iniciou o processo de substituição das calhas de águas pluviais das ruas do Centro para reduzir o problema. As tampas de ferro estavam sendo levadas, criando risco para a população diante de buracos que ficavam na calçada. Só que nem todos os processos permitem uma substituição. Os cabos ainda são uma necessidade, e só com ação policial e punição aos compradores será possível mitigar os danos.
As metrópoles são a face mais exposta desse tipo de crime, que se espalhou pelo país afora por ser uma forma fácil de se fazer dinheiro. Os autores, muitas vezes em vulnerabilidade social, veem nele a forma mais fácil para cobrir o vício ou matar a fome. Há, pois, aspectos que devem ser atacados nas diversas frentes.
A Prefeitura tem uma série de serviços de assistência às populações carentes, especialmente em situação de rua, e eles têm dado resultado, mas ainda há problemas que precisam ser resolvidos.