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Caminho do meio

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As manifestações de domingo pelo país afora, articuladas, especialmente, pelos movimentos MBL e Vem pra rua, foram emblemáticas não apenas para a análise política, mas também para os atores envolvidos no processo. Em São Paulo, ponto de maior concentração – mas bem abaixo da manifestação de 7 de setembro -, o palanque estava repleto de postulantes à Presidência da República, em contraste com a massa que estava na Avenida Paulista, apontando que o caminho do meio ainda não foi encontrado a despeito de tantos interessados. A ausência do Partido dos Trabalhadores esvaziou a manifestação. O partido do ex-presidente Lula não quer dividir palanque com personagens que tiveram papel ativo no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mas se oficialmente foi essa a justificativa, nos bastidores a discussão é outra. O PT, leia-se Lula, não tem interesse numa terceira via. Para ele, da mesma forma que é para o presidente Jair Bolsonaro, a polarização é a melhor forma de se chegar a outubro de 2022. Um candidato de terceira via pode ser um problema para ambos por conta do desgaste que sustentam diante da opinião pública.

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A questão, porém, é encontrar esse nome, capaz de contrapor aos extremos e, ao mesmo tempo, unir o centro. Os mais cotados – Ciro Gomes e João Doria – também têm problemas de rejeição dentro do próprio campo. O governador de São Paulo, embora favorito, tem o primeiro teste em novembro, quando o PSDB, seu partido, irá realizar a prévia para escolha do pré-candidato à Presidência. Mesmo vencendo, o governador terá que se apresentar para uma espécie de vestibular, isto é, de indicação do nome para enfrentar Bolsonaro e Lula. Enquanto seu adversário direto dentro do universo tucano, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, admite conversar com outros atores, Doria, em vencendo a prévia, dificilmente abrirá mão da disputa em nome de uma candidatura mais palatável.

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A mesma leitura se faz em torno do ex-governador Ciro Gomes. Ele dificilmente abriria mão, num primeiro turno, de disputar. Ademais, numa hipótese de ir para o segundo turno, não é certo o apoio do PT. O partido dificilmente esquecerá sua ausência do segundo turno de 2018, quando, em vez de subir o palanque de Fernando Haddad, foi descansar à sombra da Torre Eiffel, em Paris.

O jogo, pois, está aberto, e muita água ainda vai passar por debaixo da ponte. Por um lado, a não antecipação do processo sucessório é um bom negócio para o país, que tem medidas urgentes no campo econômico e da sáude, que não podem ficar em segundo plano.

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