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Queimar etapas é um risco

editorial
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Na solenidade em que deu posse ao deputado Gustavo Valadares como secretário de Governo, na vaga deixada por Igor Eto, o governador Romeu Zema disse que está aprendendo a fazer política, numa alusão às ações que têm sido encetadas para melhorar a relação com a Assembleia Legislativa, onde diversos projetos de interesse do Governo ficaram abrigados nas gavetas da burocracia em decorrência da ausência de articulação.

Já na quarta-feira, o governador deu provas de que está aprendendo a fazer política. Questionado sobre as eleições de 2026, que vão se dar sem a candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele disse à jornalista Andreia Sadi e aos seus colegas de “Estúdio I”, da “Globonews”, que prefere apoiar alguém do que ser candidato a presidência da República.

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A fala é emblemática, pois soa como marca da mineiridade de não ficar muito tempo exposto ao sereno. O governador aprendeu que se colocar seu nome como candidato com tamanha antecedência é se submeter a desgastes desnecessários, como os que já são enfrentados pelo seu colega Tarcísio de Freitas. O governador de São Paulo tem liderado todas as pesquisas de intenção de votos, mas vive no fio da navalha, sobretudo na relação com o universo bolsonarista. Na semana passada, ele participou de uma desgastante reunião na sede do PL, que sequer é seu partido, e foi duramente pressionado – inclusive pelo ex-presidente – para mudar seu voto. Ele apoia a reforma tributária.

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É fato que ambos conversaram no dia seguinte para aparar as arestas, mas o dano já estava feito. O governador tem a opção de manter o voto da direita sem o segmento mais extremo ou entrar no jogo e pensar no pleito de 2026. Dura tarefa, o que justifica o comportamento de Zema em ficar distante dessa peleja.

A estratégia mais evidente é a articulação para se tornar um nome nacional sem dizer que é candidato. Ele tem participado de vários eventos fora do território mineiro o que pode fazê-lo mais conhecido. Ao mesmo tempo, seu vice-governador, Tadeu Simões, faz a mesma operação pelo estado afora já com metas de disputar a sucessão estadual, uma vez que Zema está no seu segundo mandato. O vice também precisa ser conhecido pelos mineiros, e andar pelas Geraes é a melhor alternativa. Na semana passada, ele esteve em Juiz de Fora.

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Embora a atual legislatura ainda esteja com apenas sete meses de mandato, já se fala abertamente no pleito de 2026, o que é um problema de dupla face: primeiro por ser prematuro ante a fluidez da política; segundo por conta da lógica política. No ano que vem prefeituras e câmaras municipais estarão sob o crivo do eleitor. Em vez de pensarem no longo prazo, os políticos devem pensar nos que serão eleitos em 2024, pois serão estratégicos na disputa nacional, já que tudo, enfim, passa diretamente pelos municípios.

Vereadoras e vereadores, prefeitos e prefeitas são peça chave em qualquer disputa e queimar etapas abre um espaço de questionamento antecipado dos eleitores.

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